Por toda a história da humanidade, assistimos a lutas intermináveis de seres das mais diversas nacionalidades contra os de outra, e entre si, numa busca desenfreada de punir o outro, de conquistá-lo, de fazer-se o vencedor de alguma coisa que nem sempre foi claramente definida. E assim, com esta herança, vamos vivendo... Mudamos as formas de guerrear, de agredir, mas continuamos a fazê-lo, como se não houvesse qualquer outra saída para nós. Brigamos para sermos melhores do que o outro, para conservarmos o que entendemos ser nosso, para fazermos com que o outro pense como nós, viva como nós.
No centro de toda esta luta, está o Ego, aquele que em nós habita e que tem início e fim, aquele que por isto sente muito medo da morte - pois sabe que vai um dia desaparecer, aquele que é inseguro e que tenta se mostrar melhor do que todos os outros. E a história mostra que continuamos repetindo esta caminhada sangrenta, sem que haja vencedores, mas criando muita destruição, muito sofrimento.
A pergunta que cabe é - será que é mesmo este o único caminho? Será que para que sejamos respeitados pelo outro, precisamos domá-lo? Será que retribuindo o mal com o mesmo mal estamos ensinando alguma coisa, ganhando alguma coisa, melhorando a situação, nem que seja um pouco?
Parece-me que não. O Mal só será transformado em contato com o Bem. Já de início, a pessoa má é uma ignorante, alguém que conhece pouco de si mesma, da Vida, do Amor que está nele e em tudo. Só aprendendo e vivenciando esta experiência amorosa, através do contato com o Bem nos outros, vai poder confiar em si mesmo e sentir-se motivado a viver o perdão - que o acolheu - e o amor, que lhe fez feliz, lhe curou as feridas da alma e lhe devolveu a paz!
Se continuarmos a punir o mal com mais mal ainda, multiplicaremos o mal em torno de nós. Reforçaremos o negativo, o denso, o absurdo, o sofrimento, a angústia, o desequilíbrio, a doença.
Assim, diante do erro, mostremos uma atitude correta. Precisamos nos disciplinar para sermos este professor, pois disto depende, penso eu, o futuro da hossa humanidade. Se o agressor me encontrar tranquila, serena, se eu não lhe ofender da mesma forma, ao lhe devolver todo o lixo que me atirou, eu deixarei de sujar mais ainda a atmosfera e tirarei dele a vontade de continuar me ofendendo. Terei conseguido transmutar a energia inicial, neutralizando-a.
Se o outro está errado, por que também preciso errar? Se o outro caiu, devo cair com ele, ou preciso tentar lhe levantar, de alguma forma? O que ganharei caindo também? Será que não me tornarei mais forte exatamente porque consegui não cair? Por ter tido força para me sustentar de pé, apesar de tudo?
As prisões estão cada dia mais cheias, de pessoas que são tratadas como animais, como feras - que também não deviam ser tratadas daquela forma. No Brasil, já não são mais capazes de abrigar o número crescente de presidiários... Eles por acaso saem de lá - no fim de uma pena cumprida - melhores do que eram antes dali entrarem? Infelizmente, sabemos que não. Precisariam ser reconhecidos errados, sim, mas pra eles deveria ser oferecido um programa de tratamento. Não de espancamento, de falta de compreensão, de falta de respeito. Desta forma, nada vai evoluir para melhor.
Será que diante dos filhos que erram, pensando numa realidade ainda mais próxima de nós, apenas nos lembramos do castigo, da pancada, do palavrório agressivo? Ou será que procuramos dar um exemplo mais maduro e equilibrado, tentando iniciar um diálogo que explique de forma honesta o porquê da desaprovação, tudo isto temperado com muito amor, muito mesmo, muito respeito? Isto para que a agressão que sofremos não gere uma atitude agressiva - do mesmo teor da que iniciou tudo.
Para termos paz, precisamos viver em paz, cultivando a paz e promovendo a paz. Se continuarmos a guerrear, sempre viveremos em guerra... Num círculo vicioso que parece não ter fim - onde construímos com esforço e destruímos por ignorância e invingilância - sem avançarmos nada, sempre recomeçando... Partindo do mesmo ponto.
Só amando iremos avançar, realmente. E, vamos sempre nos recordar de que amar está sempre unido ao perdoar. Para os que amam, espero que amem mais ainda! Para os que se fecharam nas sombras, por falta de amor, que isto se reverta o mais rápido possível. Para os que estão magoados, que procurem perdoar e amar mais ainda. Para os que vivem no mal, enganados, que encontrem o Bem na pessoa de alguém!
Maria Cristina
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