Além do horizonte, existem outros mundos a serem descobertos.
Lá, folhas não caem, elas flutuam.
Lá, o meio de transporte são pássaros que vem até você e com o suspiro de seu amor, neste mundo todos andam de mãos dadas lá é aonde a harmonia toma conta da natureza de todas as espécies viventes.
Lá, não colhemos flores, mas as flores colhem a gente.
Chegou o tempo de despertar e acreditar que esta vida vale apena ser vivida.
-Rhenan Carvalho-

sábado, 10 de março de 2012

A arte de morrer

O mundo que nos rodeia não nos ensina a morrer. Tudo é feito para esconder a morte, para incitar-nos a viver sem pensar nela, em termos de um projeto, como se estivéssemos voltados para objetivos a serem alcançados e apoiados em valores de efetividade. Tampouco nos ensina a viver. No máximo a ter êxito na vida, o que não é a mesma coisa. Trata-se de “fazer”, de “ter” cada vez mais, em uma corrida desenfreada em busca de uma felicidade material a respeito da qual acabamos por perceber, mais cedo ou mais tarde,, não ser suficiente para conferir um sentido às nossas existências.

Assim, às vezes ouvimos da boca de agonizantes revoltados, amargurados, o derradeiro lamento por terem passado ao largo do essencial. Não é necessário ser particularmente religioso para sentir que não estamos nesta terra para passar nossa vida a produzir e consumir.

Em uma das suas conferencias sobre a experiência da morte, o padre Maurice Zundel formulava a questão nestes termos: O que fazemos da nossa vida? Estamos à procura de nós mesmos, fugimos de nós, reencontramo-nos de forma intermitente e nunca chegamos a fechar o círculo, a definir-nos a nós próprios, a saber quem somos... Não temos tempo, a vida passa tão depressa, estamos absorvidos pela preocupações materiais ou por diversões... e, finalmente, a morte chega e é em sua presença que tomamos consciência de que a vida poderia ter sido algo de imenso, de prodigioso, de criador.

Mas já é tarde demais... e a vida só adquire todo o seu relevo no imenso desgosto de uma coisa inacabada. É, então, que a morte, justamente porque a vida ficou inacabada, aparece como um sorvedouro.
Onde é que, atualmente, a questão do sentido poderá expressar-se? Onde poderá encontrar a resposta?

Todo homem confrontado com a iminência da morte pode ser levado a formular-se questões de ordem espiritual (qual é o sentido da minha vida? Haverá uma transcendência? O que acontecerá ao meu ser?). Como é grande a solidão quando não conseguimos expressar tais questões, compartilha-las com os outros! Estaremos prontos para escutá-las? O que dizer, como proceder perante o absurdo do luto, o desgosto, o desespero? O que responder àqueles que perguntam por que? Àquele que – entrevado, dependente, com o corpo deteriorado – pergunta a si mesmo que sentido poderá ter a prolongação da vida?

por Jean-Yves Leloup
-Editora Vozes, 2002-

sexta-feira, 9 de março de 2012

A felicidade pode demorar.

Às vezes as pessoas que amamos nos magoam, e nada podemos fazer senão continuar nossa jornada com nosso coração machucado.
Às vezes nos falta esperança. Às vezes o amor nos machuca profundamente,e vamos nos recuperando muito lentamente dessa ferida tão dolorosa.
Às vezes perdemos nossa fé, então descobrimos que precisamos acreditar,
tanto quanto precisamos respirar...é nossa razão de existir.
Às vezes estamos sem rumo, mas alguém entra em nossa vida, e se torna o nosso destino.
Às vezes estamos no meio de centenas de pessoas, e a solidão aperta nosso coração pela falta de uma única pessoa.
Às vezes a dor nos faz chorar, nos faz sofrer, nos faz querer parar de viver, até que algo toque nosso coração, algo simples como a beleza de um pôr do sol, a magnitude de uma noite estrelada, a simplicidade de uma brisa batendo em nosso rosto.
É a força da natureza nos chamando para a vida.
Você descobre que as pessoas que pareciam ser sinceras e receberam sua confiança, te traíram sem qualquer piedade.
Você entende que o que para você era amizade, para outros era apenas conveniência, oportunismo.
Você descobre que algumas pessoas nunca disseram eu te amo, e por isso nunca fizeram amor, apenas transaram...
Descobre também que outras disseram eu te amo uma única vez. E agora temem dizer novamente, e com razão, mas se o seu sentimento for sincero poderá ajudá-las a reconstruir um coração quebrado.
Assim ao conhecer alguém, preste atenção no caminho que essa pessoa percorreu, são fatores importantes: a relação com a família, as condições econômicas nas quais se desenvolveu. (dificuldades extremas ou facilidades excessivas formam um caráter), os relacionamentos anteriores e as razões do rompimento, seus sonhos, ideais e objetivos.
Não deixe de acreditar no amor. Mas certifique-se de estar entregando seu coração para alguém que dê valor aos mesmos sentimentos que você dá. Manifeste suas ideias e planos, para saber se vocês combinam. E certifique-se de que quando estão juntos, aquele abraço vale mais que qualquer palavra. Esteja aberto a algumas alterações, mas jamais abra mão de tudo, pois se essa pessoa te deixar, então nada irá lhe restar.
Tenha sempre em mente que às vezes tentar salvar um relacionamento, manter um grande amor, pode ter um preço muito alto se esse sentimento não for recíproco. Pois em algum outro momento essa pessoa irá te deixar e seu sofrimento será ainda mais intenso, do que teria sido no passado.
Pode ser difícil fazer algumas escolhas, mas muitas vezes isso é necessário.
Existe uma diferença muito grande entre conhecer o caminho e percorrê-lo.
A tristeza pode ser intensa, mas jamais será eterna.
A felicidade pode demorar a chegar, mas o importante é que ela venha para ficar e não esteja apenas de passagem...

François de Bitencourt

Este texto é atribuído a Luís Fernando Veríssimo em alguns sites, mas o verdadeiro autor é François de Bitencourt.

quarta-feira, 7 de março de 2012

O desenvolvimento do ser humano

Sabe aqueles dias onde tudo parece cinza, sem brilho e sem cor, quando pensamos “Onde foi que perdi minha alegria de viver, a minha felicidade?”

Pois bem, é justamente nestes dias que a vida nos concede a graça da reflexão.

A vida nos chama a nos voltarmos para dentro de nós e fazermos um feedback das nossas ações, dos pensamentos e sentimentos que alimentamos.

É o momento, a oportunidade de revermos e avaliarmos, com riqueza de detalhes, se o caminho tomado e seguido até então é realmente o correto ou, se por algum motivo tomamos um atalho, que nos conduziu ao vazio e que seja preciso reencontrar o caminho principal. Talvez ainda, estejamos diante de uma encruzilhada e precisamos avaliar com detalhes qual o caminho deva ser tomado.

Seja qual for o motivo que nos levou a este momento de introspecção, ele não deve ser visto como um problema e sim, como a oportunidade que nos é dada de encontrar a melhor solução, pois muitas vezes nos acomodamos diante da vida e de seus eventos, que embora até mesmo desconfortáveis, nos levam a inércia e nos paralisam.

Muitos podem ser os motivos que impedem nossa ação, no entanto, o que mais pesa é o fato de que deverão ocorrer mudanças, e estas, muitas vezes darão muito trabalho, exigirão uma renovação, praticamente uma metamorfose do nosso modo de ser, ver, viver e agir.
Sem mudança não nos tornamos pessoas melhores, espiritualmente mais evoluídas.
Precisamos estar abertos para desenvolver e isso não é açúcar no pão.

Contudo, muitas vezes fechamos os olhos para a realidade e preferimos permanecer adormecidos no egoísmo, na imobilidade, na inação, ao invés de interpretar os eventos da vida e investir neles como fontes de desenvolvimento.

Somos livres para escolher, o que queremos ser ou em que queremos nos transformar, se queremos aproveitar as oportunidades que a vida nos proporciona ou se preferimos permanecer na mediocridade, fechados em nossa casca, mas aí corremos o risco de deixarmos outrem decidir sobre nossa vida, e como diz Roberto Shinyashiki “ Viver com autonomia é produzir a seiva da própria vida”.

Gosto de usar a metáfora do repolho e da rosa para falar de escolhas.
O repolho nasce aberto, mas aos poucos ele vai se fechando.
Já a rosa nasce fechada e aos poucos vai se abrindo e espalhando seu agradável aroma em seu entorno.
Por se abrir quando seu ciclo de vida se finda, suas pétalas continuam exalando perfume, ao contrário do repolho.

Quem sabe neste momento, você esteja pensando “ mas as rosas tem espinhos?” Perfeito.
Tem sim.
Mas esse é o segredo, aprendermos a conviver com eles, de modo que não venhamos a nos ferir e tão pouco que deixemos de ver a beleza da rosa por causa de seus espinhos.

Que possamos constantemente praticar a introspecção buscando a resposta para nossas aflições, angústias, medos, incertezas, fraquezas e quem sabe, constataremos que existe muito mais de repolho dentro de nós do que de rosa, e assim sendo, que possamos fazer a escolha de substituir a plantação a tempo, para que nossa passagem pela vida possa ser agradável, suave, delicada, bela.

Que os espinhos da vida não nos tirem o brilho, o encanto, a magia e que, a cada dia possamos dar um passo a mais no sentido de florescer e espalhar um agradável aroma do bem viver por onde passarmos, conscientes de que Crescer é ficar maior, mas Evoluir é ficar melhor.

E que este seja realmente um Bom Dia!

Margot vom Hede
"Quem quiser nascer tem que destruir um mundo; destruir no sentido de romper com o passado e as tradições já mortas, de desvincular-se do meio excessivamente cômodo e seguro da infância para a conseqüente dolorosa busca da própria razão do existir: ser é ousar ser."

Herman Hesse

terça-feira, 6 de março de 2012

Viver por procuração

Viver através dos outros é uma maneira tanto de alcançar o inalcançável quanto de fugir à eventuais conseqüências desse mesmo tipo de viver.

Sonhamos não o sonho dos outros, pois nada mais individual e pessoal que sonhos, mas através do que outros possuem ou aparentam ter.

Vemos a vida como quem assiste uma novela, nos ligamos, nos emocionamos, até sofremos e nos alegramos, mas podemos a qualquer momento desligar a televisão e fazer alguma outra coisa. Nos envolvemos sem estarmos verdadeiramente dentro, estamos sob a chuva cobertos por um guarda-chuva.

Assim também vemos o aperfeiçoamento pessoal. Tão brilhante e aquecedor quanto a luz do sol, a grandeza de certas almas chega até a nós, porém vemos isso como se fôssemos simples expectadores da vida.

É bonito ser bom, é nobre ser humilde e ter em si o dom do perdão, ou pelo menos a vontade maior de se chegar até lá, mas nos sentimos incapazes de atingir tal grandeza, como se o "ser bom" e o "procurar construir um mundo melhor" fosse dado apenas a certos privilegiados dos quais nos excluímos.

Toda caminhada é um trabalho sobre si mesmo. Se a mente não ordena as pernas não andam. Pensar que a vida foi construída apenas para alguns privilegiados e que podemos ficar de fora é negar a nós mesmos a possibilidade de chegar a um cimo. O que é difícil para uns o é para outros, talvez em escalas diferentes, mas difícil ainda assim.

Por que o ser humano recusa-se terminantemente a uma mudança radical, quando essa mudança é para seu próprio bem? Talvez por se sentir incapaz, não merecedor ou simplesmente porque a acomodação exige menos esforço.

Pedras preciosas são, a princípio, grosseiras pedras que podem ser confundidas com quaisquer outras. O polimento requer quebra, corte, mudança e tempo. Entregar-mo-nos a esse polimento é recolher-mo-nos, abandonarmos as idéias pré-concebidas e abrir-mo-nos a algo novo, desconhecido e temível ao mesmo tempo.

Preferimos sim sonhar através dos outros.

Vivemos sem vivermos e alcançamos nosso alvo sem chegarmos a lugar nenhum.

Só que o mundo foi feito para todos nós. Ele foi cuidadosa e minuciosamente sonhado e realizado e nós somos as privilegiadas flores que o Senhor plantou. Importa pouco se essa flor nasceu antes ou depois, se é mais viva, maior ou mais resistente, Deus dá a cada um de nós meios de sobrevivência e a oportunidade de crescimento.

Ele nos dá não sonhos longíquos e impossíveis, mas ferramentas e verdadeiras possibilidades. O que vamos fazer de tudo isso depende inteiramente de nós.

Pense nisso...

Letícia Thompson