Além do horizonte, existem outros mundos a serem descobertos.
Lá, folhas não caem, elas flutuam.
Lá, o meio de transporte são pássaros que vem até você e com o suspiro de seu amor, neste mundo todos andam de mãos dadas lá é aonde a harmonia toma conta da natureza de todas as espécies viventes.
Lá, não colhemos flores, mas as flores colhem a gente.
Chegou o tempo de despertar e acreditar que esta vida vale apena ser vivida.
-Rhenan Carvalho-

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Pensar antes de reagir

Pensar antes de reagir é uma das ferramentas mais nobres de quem decifra os mais altos níveis do código da autocrítica. Nos primeiros trinta segundos de tensão, cometemos os maiores erros de nossa vida, falamos palavras e temos gestos diante das pessoas que amamos que jamais deveríamos expressar.

Nesse rápido intervalo de tempo, somos controlados pelas zonas de conflitos que bloqueiam milhares de outras janelas, impedindo o acesso de informações que nos subsidiariam a serenidade, a coerência intelectual, o raciocínio crítico.

Um intelectual pode dar uma conferência brilhante e responder a todas as perguntas da platéia com maestria, mas quando um colega de trabalho faz uma pergunta que o contraria, pode perder a serenidade da resposta. Reagir sem elegância.

Um médico pode ser muito paciente com as queixas de seus pacientes, mas muitíssimo impaciente com as reclamações de seus filhos. Pensa antes de reagir diante de estranhos, mas não diante de quem ama. Não sabe fazer a oração dos sábios nos focos de tensão, o silêncio.

Só o silêncio preserva a sabedoria quando somos ameaçados, criticados, injustiçados.

Se vivermos debaixo da ditadura da resposta, da necessidade compulsiva de reagir quando pressionados, cometeremos erros, alguns muito graves. Vivemos em uma sociedade barulhenta, que frequentemente detesta o silêncio. Cada vez mais percebo que as pessoas estão perdendo o prazer de silenciar, se interiorizar, refletir, meditar.

O dito popular de contar até dez antes de reagir é imaturo, não funciona. O que estou propondo é o silêncio filosófico. O silêncio não é se aguentar para não explodir, o silêncio é o respeito pela própria inteligência. É o respeito pela própria liberdade, a liberdade de se obrigar a reagir em situações estressantes. Quem faz a oração dos sábios não é escravo do binômio do bateu-levou.

Quem bate no peito e diz que não leva desaforo para casa, não decifrou o código de pensar nas consequências de seus atos. Quem se orgulha que vomita para fora tudo o que pensa, machuca quem mais deveria ser amado. Não decifrou a liguagem do autocontrole.

Não existem relações perfeitas. Não existem almas gêmeas, que tenham os mesmos gostos, pensamentos e opiniões iguais o tempo todo, a não ser no cinema. Decepções fazem parte do cardápio das melhores relações. Nesse cardápio, precisamos do tempero do silêncio para preparar o molho da tolerância.

Para conviver com máquinas, não precisamos do silêncio nem da tolerância, mas com seres humanos elas são fundamentais. Ambas são frutos nobres do código da autocrítica, do código da capacidade de pensar antes de reagir. Preservam a saúde psíquica, a consciência, a tranquilidade.

O silêncio e a tolerância são o vinho dos fortes, a reação impulsiva é a embriaguez dos fracos. O silêncio e a tolerância são as armas de quem pensa, a reação instintiva é a arma de quem não pensa. É muito melhor ser lento no pensar do que rápido em machucar.

É preferível conviver com uma pessoa simples, sem cultura acadêmica, mas tolerante, do que com um ser humano de ilibada cultura saturada de radicalismo, egocentrismo, estrelismo. Sabedoria e autocrítica não se aprende nos bancos de uma escola, mas no traçado da existência."

Augusto Cury

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Construtores da vida

Por mais que gostemos da vida no corpo físico, um dia, todos morreremos, isto é fato.

Morrem os pobres e morrem também os ricos.

Foi assim que um dia aquele homem, que detinha poder e muitas posses, foi habitar o além.

Foi recebido pelo benfeitor, encarregado de conduzi-lo à sua nova residência.

Caminhavam calmamente por um lugar pitoresco, com ruas calmas, um gramado extenso e grande variedade de árvores e jardins.

Ao passarem por uma das casas, o benfeitor mostrou-a ao homem e lhe disse: “observe! Aquela é a casa de sua cozinheira.”

“Mas ela ainda não morreu”, respondeu o homem.

Sem dar nenhuma resposta, andaram por mais algum tempo e o orientador mostrou outra casinha graciosa e disse: “essa é a casa do seu jardineiro.”

Ambas eram casas muito agradáveis. Simples, mas aconchegantes. Jardins com flores silvestres e pássaros voejando e cantando por entre as borboletas que pousavam de flor em flor.

Discretos regatos com águas cantantes e cristalinas cortavam os gramados verdes.

O homem estava muito animado, pois se seus empregados teriam moradias tão agradáveis, o que não estaria reservado a ele, um homem rico e poderoso?

Caminharam por mais algum tempo, quando o benfeitor parou diante de um barraco, localizado numa área menos clara e quase sem nenhum encanto.

Com um gesto gentil indicou ao homem sua nova residência.

O homem teve um sobressalto.

Indignado perguntou ao orientador: “como posso eu, um homem rico e possuidor de muitos bens, morar agora nesse barraco caindo aos pedaços? Sem dúvida deve ser uma brincadeira!”

“Infelizmente não é, meu filho”, falou amavelmente o benfeitor.

E acrescentou: “todas as construções são feitas com os materiais que vocês nos enviam diariamente enquanto estão na Terra. São materiais invisíveis aos olhos físicos, mas firmes o bastante para construir um recanto sólido aqui, no mundo espiritual. Cada gesto nobre, cada boa ação, cada trabalho realizado com honestidade e desinteresse, são matérias primas importantes aplicadas nos tesouros verdadeiros deste lado da vida.”

“Mas como saber disso, se ninguém me avisou enquanto estava na Terra?”, objetou o infortunado.

“Ora, meu filho, talvez você tenha esquecido, mas há mais de dois milênios se ouve falar de um Homem chamado Jesus, que orientou muito bem sobre essa questão, recomendando que se construíssem tesouros no céu, onde nem a traça come nem os ladrões roubam.”


Pensativo e sem argumentos, o homem adentrou seu mísero barraco, em busca de um mínimo de conforto para sua alma inquieta.

Pense nisso!

Nossos maiores tesouros são as virtudes.

A compaixão, a fraternidade, a solidariedade, a ternura, o afeto, são elementos importantes na construção da beleza e da harmonia.

A honestidade, a dignidade, a humildade, a indulgência e a justiça, são virtudes essenciais para construções sólidas e indestrutíveis.

Assim sendo, vale a pena investir nesses tesouros desde hoje, pois a imortalidade não é uma proposta para ser pensada depois da morte, é uma realidade para ser vivida hoje.

Pense nisso, mas pense agora!

Texto da equipe de redação do momento espírita.