Além do horizonte, existem outros mundos a serem descobertos.
Lá, folhas não caem, elas flutuam.
Lá, o meio de transporte são pássaros que vem até você e com o suspiro de seu amor, neste mundo todos andam de mãos dadas lá é aonde a harmonia toma conta da natureza de todas as espécies viventes.
Lá, não colhemos flores, mas as flores colhem a gente.
Chegou o tempo de despertar e acreditar que esta vida vale apena ser vivida.
-Rhenan Carvalho-

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

O que é Ilusão?

Ilusão é aquilo que nos identifica com o mutável, o perecível, todos nós estamos, de alguma maneira, sujeitos às ilusões de maya*, que nos compele à sua natureza dual.

Para perceber a ilusão, o homem pode usar suas faculdades mentais, mas, para superá-las totalmente, terá de desvenciliar-se delas, pois corpo e mente são apenas ilusões criadas para que a alma cresça, somente o coração é que pode salvar-nos da ilusão.

A mente é usada para que o ser se desvencilie dos instintos corporais que lhe preservam esta manifestação, e passe a garantir suas manifestações através desta nova aliada. Quando ele se liberta dos instintos através de opções entre certo e errado que sua mente o fez seguir, ele enfrenta um grande desafio, que é a ilusão do certo e do errado, que passa a lhe perseguir, pois sua mente necessitou desses conceitos para conduzi-lo e ainda, se ele se conduziu sempre pelo caminho dármico, utilizou a mente para perceber darma, mas a mente não pode perceber, ela apenas estabelece relações úteis, então ele deve enfrentar o fato de que a mente também é uma ilusão que acaba, assim como o corpo físico.

O coração é o caminho que leva à alma, e ela é o encontro com o Pai-Mãe Criador, é nossa parte divina, tudo que vivenciamos pode ou não transformar-se em consciência, porém, para isso, é necessário que se vivencie darma, caso contrário, nossas consciências não evoluem.

Exemplo: Um ser é médico em uma encarnação, quando seu corpo perecer, a bagagem de sua mente não será aproveitada em uma próxima encarnação, pois os conhecimentos da mente não são eternos, no entanto, se ele gravar em sua consciência o darma de socorrer através dos conceitos de medicina a que teve acesso, terá uma natural tendência à medicina.

Por isso mesmo, sabemos que tudo que nos rodeia é ilusão, em nível mais grosseiro ou mais sutil.

O que devemos perceber ainda, é que o caminho do meio consiste em se sujeitar somente às ilusões absolutamente necessárias à nossa experiência, procurando, inclusive através delas, aumentar nossa consciência. Quando Jesus disse que "O reino dos céus não pertencia a este mundo", estava observando como enquanto estivermos sujeitos às manifestações físicas e astrais, estaremos no reino de maya, e não no eterno imutável.

Devemos, no entanto, entender que, se o Pai-Mãe Criador aqui nos colocou, foi para que aprendêssemos e nos tornássemos conscientes disto, por isso, o melhor caminho é sempre o caminho do meio, aquele que consiste em adquirir consciência da ilusão, mantendo suas manifestações físicas e astrais, sem se apegar a elas. Infelizmente, são poucas as pessoas que conseguem estabelecer este nível consciencial.

Logramos, entretanto, que ao menos as ilusões mais grosseiras, que nos revestem de desarmonias, sejam superadas, dentre elas: a sensualidade, que é desenvolvida através do apego ao corpo físico e aos instintos; a vingança, que é o apego ao ego (auto-importância), que nos torna suscetível à raiva; a inveja; o preconceito; a crueldade; a violência; a cobiça; a tristeza, que é uma auto-punição, regada por se estar pensando sempre somente em si e finalmente, sentir-se derrotado pelas ilusões da mente. Podemos enquadrar aqui também a depressão, a angústia e até mesmo as doenças psicossomáticas.

A felicidade é simples, é como o amor, também muito simples, um não existe sem o outro. Se você não está simplesmente feliz e não sente amor, as ilusões estão tomando o espaço de seu coração e ameaçando sua experiência, identifique-as e não mais se apegue a elas, transforme sua maneira de ver e sentir as coisas deste e de outros mundos, cure seus apegos e desejos, pois eles é que mantém toda a ilusão, não tenha medo de mudar, pois o medo é a ilusão de que o desconhecido e o conhecido não são uma única presença, lembre-se que tudo é amor.

Amor no coração é Paz, amor na mente é felicidade. O amor pode e irá livrá-lo do medo, pois o amor é eterno e se manifestará eternamente, mesmo que não o consiga ver; o medo, no entanto, é apenas uma barreira ilusória na sua caminhada. Torne sua caminhada mais fácil, retirando as ilusões entulhadas no seu caminho, e lembre-se: Natureza Divina é amor, e o amor é a única justificativa para todas nossas ações, ele nos conduz, nos alimenta, nos impulsiona para ele, mesmo quando não o conhecemos.

Irmãos de Órion.
Mensagem recebida em 15/09/99.


* Maya é um outro nome dado à ilusão, ou seja, do reino mutável e perecível das coisas temporais. É abundante nos mundos materiais e astrais.
http://www.geocities.com/Area51/Quasar/1019/Oilusao.htm

Para entendermos bem esta linda mensagem segue esta parábola:

O Sábio e a Ilusão:

Era uma vez, um grande sábio cujo nome era Nárada. Seu conhecimento da Unidade da vida era perfeito. Ele conseguia agir sempre de maneira serena e amorosa.

Fazia tudo como um presente para Deus. E, quando chegavam à sua vida os resultados de suas ações, ele os recebia com satisfação e agradecimento. Mesmo quando diferiam de sua expectativa ou contradiziam o seu desejo, ele se comprazia com os resultados, sabendo que eles obedeciam às Amorosas Leis Cósmicas. De fato, ele considerava tudo que lhe acontecia como um amoroso presente dado pela Fonte de todo amor.
Ele ouvia às pessoas falar da dificuldade de escolher a verdade e de confiar no amor, mas não conseguia imaginar tal situação, tão natural era para ele agir com sabedoria. Uma vez chegou na sua aldeia um respeitado yogui. Todos se reuniram para escutá-lo falar sobre a vida. E a curiosidade de Nárada foi de novo despertada quando ouviu o yogui discursar sobre Maya, a Ilusão ou erro de compreensão que faz com que seres cuja natureza é paz e plenitude possam se sentir ansiosos e carentes, que faz com que seres perfeitos e divinos se considerem limitados e insignificantes. Nárada, não chegava a entender. Para ele tudo era uma dança cósmica de luz e harmonia, não conseguia ficar cego à Presença Divina e muito menos encontrar qualquer sinal da famosa Maya ou Ilusão que enfeitiça os homens.

Nessa noite, como de costume, Nárada sentou-se em meditação para deliciar-se com a contemplação do Amado Divino. E, como sempre, o Senhor do Cosmos sentou-se à sua frente para deleitar-se com o néctar de devoção oferecido pelo seu devoto. Depois de alguns momentos em amorosa comunhão, Nárada disse: Amado Senhor, ouvi falar muito da força de Tua Maya, e senti o desejo de conhecer o Jogo da Ilusão. E acrescentou com total confiança na bondade divina: Me concedes isso?. E Deus assentiu sorrindo: Claro, por que não?.

Passaram-se algumas horas em vibrante e luminoso silêncio findas as quais Deus, com seu poder onipotente, materializou um cântaro e pediu a seu devoto: -Estou com sede, poderias trazer-me um pouco de água do rio?. Nárada levantou-se graciosamente e feliz de poder servir o seu Amado, percorreu a curta distância que o separava do rio. Chegando na margem, inclinou-se para encher o cântaro. Ouviu então alguns passos e virando-se para um lado pode contemplar a forma mais maravilhosa que jamais tivera visto. Trêmulo de emoção deixou o cântaro no chão e aproximou-se daquela figura feminina de contornos inebriantes. Que rosto! Que olhos! - murmurava fascinado. Percebeu então que o sol despontava no horizonte e o céu explodia em tons dourados e azuis, e pensou Isto só pode significar o amanhecer de minha própria vida!. E, em poucos instantes, aproximando-se da jovem, sua voz apaixonada descreveu poeticamente a intensidade e profundidade de seus sentimentos, e a necessidade absoluta de desposar a bela mulher. Os poucos segundos que se sucederam até a jovem dar a sua resposta, pareceram intermináveis séculos para Nárada. Mas a angústia de seu peito foi colmada de alegria quando ouviu da moça o mesmo desejo de compartilhar as suas vidas.

Os anos se passaram. Depois de muito esforço, conseguiram construir uma pequena casa na margem do rio. Algum tempo depois, felizes, comemoraram a primeira gravidez. O primogênito trouxe-lhes grande alegria, assim como o segundo e o terceiro filho. Narada os educava com paciência, e observava com orgulho como eles iam se desenvolvendo. Sua esposa continuava bela, mesmo depois da juventude ter ficado para trás. E, apesar das divergências e freqüentes discussões, o amor entre eles continuava firme e inspirador.

Um dia, quando as crianças já tinham chegado na adolescência, o céu ficou escuro muito antes do entardecer. Uma grande tormenta se aproximava. Os três garotos brincavam no rio, numa balsa em cuja construção trabalharam por mais de uma semana. A mãe aproximou-se do rio e pediu para eles saírem. Mas eles, muito confiantes, disseram que estavam prontos para enfrentar qualquer tempestade. A mãe, aflita, correu até onde o seu marido trabalhava a terra e o trouxe consigo até a margem do rio. O pai ordenou as crianças que voltassem, mas já era tarde demais. A tormenta desatava seu furor levantando incontroláveis ondas que sacudiam mortalmente a frágil balsa, a essa altura totalmente fora de controle. Os pais desesperados lançaram-se ao resgate num pequeno barco que possuíam. Lutaram bravamente, mas em vão. O rio engoliu a jangada e as crianças diante do olhar impotente de Nárada e sua esposa. O casal gritava em tremenda aflição e o clamor do seu pranto podia ouvir-se por sobre a voz ensurdecedora da tempestade. Mas, quando a desgraça parecia ter alcançado o seu fim, eis que uma imensa onda varre a superfície do barco arrastando consigo a mulher de Narada. Ele se joga ao rio tentando tirar dele seu último tesouro. Mas seu esforço sobre-humano é em vão.

Com o coração partido, consegue manter-se flutuando enquanto a tormenta vai amainando. Finalmente, chega na margem do rio. Com a alma rasgada e o rosto encharcado em lágrimas, Nárada levanta os braços ao céu e, no limite do seu desespero, clama por Deus. Misturando raiva e desolação grita pedindo forças e compaixão. Abrindo caminho entre as ondas emocionais de sua tempestade interior, sua alma agita os céus exigindo compreensão do sentido disso tudo, do sentido da vida. Com o corpo agitado por seu choro, curvado pela a dor em seu peito, Narada não percebe que alguém se aproxima. Mas pode sentir que uma mão toca gentilmente em seu ombro, e pode ouvir quando uma voz serena o chama pelo nome. Levantando o rosto e enxugando as lágrimas vê alguém que conhece, mais não lembra de onde. E esse Alguém lhe diz com um sorriso maroto: Nárada, que fazes? Por que gritas? Estou com sede, cadê a minha água?.

Uma história da tradição do Vedanta recontada pelo

Prof. Andrés De Nuccio
http://www.isvara.com.br/abertura/not_con3.asp?pa=12&pta=P&par_cpub=18