Todos os seres humanos nascem num estado de unidade. Mas, na medida em que a criança cresce, o ego se fortalece e passa a predominar sobre sua verdadeira natureza, o ser divino que encarnou em um corpo físico.
A partir daí começam a coexistir dentro deste ser dois eus: o falso e o verdadeiro. O falso tem sua utilidade para que ele possa exercer um papel no mundo material. Uma personalidade exterior se faz necessária para que possamos realizar as tarefas inerentes à nossa missão cármica.
A dualidade que é inerente a este mundo, e se manifesta em opostos como o bem e o mal, a luz e a escuridão, o prazer e a dor, está também interiorizada em nós. Cada ser encarnado tem desafios a serem enfrentados em seu caminho evolutivo, porém, o potencial supremo, a realização total está ali, presente o tempo todo.
O problema é que o ego, ou o falso eu, que se manifesta através da mente e de suas diferentes expressões como os pensamentos, as emoções e as sensações, se torna de tal forma predominante, que esquecemos totalmente de nosso eu verdadeiro.
Passamos então a acreditar plenamente que aquela máscara que utilizamos no dia-a-dia, para encarar as batalhas do mundo exterior, constitui nosso verdadeiro eu. O primeiro passo no caminho da autotransformação é ir para dentro, refugiar-se no mundo interior por alguns minutos diariamente, pois este exercício nos tornará cada vez mais conscientes de nosso verdadeiro eu.
Somente esta consciência nos permitirá perceber quando o falso eu está atuando e como ele vem nos dominando ao longo de toda a vida. Quanto mais identificados com a mente permanecermos, mais acreditaremos que somos o falso eu que ela nos impõe através do orgulho, da vaidade, do desejo de poder.
A mente é uma ferramenta muito útil quando colocada a serviço de nosso eu divino. Mas é extremamente danosa quando serve apenas ao falso eu, pois impede-nos de acessar toda a riqueza que existe em nosso interior.
Silenciar a mente e seu turbilhão de pensamentos e desejos é a única forma de nos tornarmos os agentes de nossas vidas, e nos libertarmos da escravidão que a mente nos impõe. E para silenciá-la só há um caminho: aquietar-se e observar.
Ao observar a mente, sem qualquer julgamento, simplesmente percebendo os inúmeros pensamentos que passam por ela a cada segundo, vamos tendo clareza das falsas crenças que habitam nosso interior e podemos, deste modo, descobrir onde se originam nossos medos e angústias e toda a negatividade que nos impede de enxergar a luz e a felicidade que se esconde em nós.
“Expresse-se. A existência é a expressão de Deus - é disso que consiste a criatividade. Expresse-se, e não condene coisa alguma. Não há nada de errado com você; tudo o que é, é belo. Algo pode precisar de transformação, mas não está errado. Ele não tem que ser abandonado, ele tem que ser transformado. E a transformação acontece através da disciplina; a disciplina vem através da meditação. Fique mais alerta, observador. Mas não carregue conclusões, conclusões prévias.
... Como você poderá observar se você já tiver concluído?
... Um meditador tem que estar absolutamente sem preconceitos, sem nenhuma conclusão. Ele tem que ser um mero observador científico. Ele simplesmente observa, anota o que quer que aconteça na sua mente. Observa, não deixa nada passar despercebido, isso é tudo. Toda a beleza da observação é que tudo que for sem sentido começa a desaparecer por conta própria e tudo o que tiver sentido começa a crescer.
Suas energias começam a se juntar em torno do significativo e começam a abandonar o não significativo. Então nasce uma certa disciplina, que não é imposta por ninguém a partir do exterior... então o que for legítimo acontecerá silenciosamente, exatamente como sua sombra. Ele não faz barulho e não lhe dá qualquer ego. Quando você se torna mais consciente, todo o ego desaparece. Você se torna mais e mais humilde, mais e mais simples, mais e mais comum. E isso é divino, essa simplicidade é sagrada. Mas a disciplina tem que nascer em você. Eu posso comungar com você a minha compreensão, eu posso compartilhar com você a minha experiência, isso é tudo; em seguida cabe a você decidir o que fazer e o que não fazer”.
Osho - Tao, o Portal Dourado.
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