Além do horizonte, existem outros mundos a serem descobertos.
Lá, folhas não caem, elas flutuam.
Lá, o meio de transporte são pássaros que vem até você e com o suspiro de seu amor, neste mundo todos andam de mãos dadas lá é aonde a harmonia toma conta da natureza de todas as espécies viventes.
Lá, não colhemos flores, mas as flores colhem a gente.
Chegou o tempo de despertar e acreditar que esta vida vale apena ser vivida.
-Rhenan Carvalho-

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Depois da Tempestade

Depois das grandes tempestades em nossas vidas,às vezes, ao invés da bonança esperada,costumamos fechar a alma para balanço.
E por mais que digamos estar disponíveis ao diálogo , bem no fundo do nosso coração colocamos uma porta.
E esta porta fica tão trancada , que se nós mesmos não a abrirmos, tornar-se-á quase que intransponível.
É como se nossa casa tivesse sido saqueada e o medo de que fosse arrombada de novo não nos deixasse viver sossegados.
Visitantes cadastrados até poderiam chegar ao jardim ...mas passar da soleira , quem disse?
E ficamos tantas vezes nos perguntando, o porque de ninguém se aproximar muito de nós se pensamos,numa atitude de bloqueio à verdade , que estamos dando espaço para que todos nos visitem.
Fingimos não enxergar o letreiro luminoso de "passagem proibida" ou os cadeados enormes que colocamos nos portões e nos muros que erguemos ao redor de nós, porque é duro admitir que temos medo de mais experiências depois que uma , duas, três ou mil delas não deram certo.
Mas se só as pessoas sensíveis enxergam esse bloqueio e elas são cada vez em número menor , as não tão persistentes se afastam,com medo de que soltemos os cães bravos em cima delas e as ponhamos para correr, assim acabamos , por comodismo, ficando com as pessoas menos perigosas; com aquelas com quem sabemos que nunca chegaremos a ter envolvimento maior,até porque sua percepção não é tão aguçada para penetrar no nosso interior.
Ficamos com aquelas com quem temos menos afinidade e pouco cumplicidade, principalmente aquela que vem do fundo da alma, porque não queremos que ninguém invada a fortaleza inexpugnável dos nossos segredos, onde guardamos as mágoas, os ódios não passados a limpo e os amores mal sucedidos.
Não queremos saber de quem nos leia pensamentos e não pretendemos nos prender
a nada, embora digamos sempre o contrário e saibamos que a falta das amarras
num porto onde poderemos atracar quando estamos à deriva, pode constituir uma bela teoria de liberdade, mas não nos gratifica, pois o ser humano não nasceu para ficar só.
Nós, hoje, mal ou bem podemos escolher nossos amores e amigos.
E que possamos escolher os melhores, e não os mais cômodos .
E que possamos, também, ter alguns inimigos e, entre os nossos conhecidos, pessoas incompatíveis conosco, porque são eles que nos ajudam a superar os nossos limites e nos botam para frente , nem que seja para que lhes mostremos do que e o quanto somos capazes.
Precisamos ter histórias para contar, sejam elas com finais tristes ou felizes.
Precisamos passar por experiências que nem sempre são gratificantes pois uma
existência passada em brancas nuvens, é uma existência sem frutos.
Um dia, talvez, venhamos a entender melhor os mistérios da vida e que,para chegarmos a um determinado ponto, muitas vezes teremos que passar por vários obstáculos.
Talvez entendamos que precisamos nos purificar sofrendo várias provações até conseguir nossos objetivos e receber alguma recompensa.
Algumas doutrinas religiosas e filosóficas tentam explicar porque algumas pessoas sofrem e outras são poupadas e porque alguns de nós encontram suas metades e outros passem a vida inteira a procurá-las.
Mas são explicações que talvez nós leigos, não consigamos facilmente entender.
A única coisa que podemos arriscar, é que nada acontece por acaso(ou será que acontece?).
Talvez, quando sofremos, estejamos passando por um processo de purificação que nunca será entendido ou aceito por nós enquanto estivermos vivendo a experiência.
Talvez, quando procuramos alguém ou alguma coisa, estejamos nos informando; talvez quando encontramos tanta gente incompatível conosco é porque, de alguma maneira, somos ou fomos as pessoas determinadas a surgir em suas vidas, seja para suportá-la ,
ajudá-las ou para que, através delas, aprendamos alguma lição importante: da serenidade à perseverança, da paciência à fé.
Mas, por mais que apanhemos, que nos escondamos para fugirmos da vida, de nós mesmos, dos machucados e rejeições, tudo passa.
O desespero nunca foi solução para nada pois, afinal, não há mal que sempre dure e nem bem que nunca acabe.
A vida sempre seguirá dando voltas.
Tomara que saibamos aproveitar as ascensões para levantar quem estiver próximo de nós e as quedas para aprendermos a ser humildes.

Amor, Paz e Luz

Luise.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

DEUS



O ser humano possui muitas características que a ciência ainda não conseguiu explicar. Uma delas é o poder da fé.
Quando se acredita com fé sincera e profunda em algo, seja Alá, Maomé, Zaratustra, na lua, no sol, com certeza o milagre acontecerá. Mas, poucos seres humanos na história, chegaram a alcançar este êxtase de fé. E, os que alcançaram são considerados, pelos demais como “deuses”.
Mas, isto não significa que eles sejam, o CRIADOR.

A fé é uma energia intrínseca ao ser que “pensa”. Provavelmente, num passado distante, quando nossos ancestrais perceberam que “pensavam” e cruzaram o portal do “ser” para o “existir”, ela começou a se manifestar. E, quem sabe, nesse momento a “alma” começou a se desenvolver dentro de nós.
Todos os seres humanos existentes na terra, trazem dentro de si essa “semente” que, a cada passo da evolução é irrigada ou não. Pode morrer ou evoluir, fazendo com que, cada vez mais esteja presente no ser.

Cada um possui dentro de si o poder de fazer milagres, de serem santos e deuses, se acreditarem realmente na existência de algum ser CRIADOR.
É importante distinguir fé de religiosidade.
Toda pessoa que têm uma religião tem fé no deus desta religião e, acredita que ele é o criador.
Mas, nem toda pessoa que tem fé, obrigatoriamente, tem uma religião.
Muitos têm fé em um CRIADOR PRIMORDIAL de todas as coisas existentes, que existe por toda a eternidade, muito antes de todos os “big-bangs” de que a ciência fala.

Mas se você acredita que existe um deus, ele existirá para você, dentro dos padrões nos quais a sua mente consciente se desenvolveu através dos tempos. Isto é fé.
A maioria dos deuses atualmente venerados (Buda, Maomé, Jesus, etc.), foram seres humanos que, em um determinado momento da história, tiveram uma fé profunda no CRIADOR e, consequentemente expressaram seus poderes e impressionaram as pessoas. Mas eles não são o CRIADOR, muito menos seus “filhos”.
Nós administramos conscientemente, com nossos cinco sentidos, muito pouco do que realmente somos. A outra parte é administrada pelos gens, cujo objetivo maior é a preservação da espécie e a sobrevivência. E isto acontece com todos os seres vivos, em toda a escala da evolução da vida.

Esta matemática fria e precisa, nos dá a impressão de que não passamos de meras cobaias de laboratório, usadas por um ser superior (não um CRIADOR onisciente e bondoso), para algum propósito desconhecido. A impiedade que a vida usa para se preservar, em todas as escalas, inclusive humana, matando e sacrificando outras vidas, provavelmente não é obra de um CRIADOR bondoso.
Deus, ou o CRIADOR, é apenas uma questão de FE. Não de ciência. Não de lógica e, muito menos de explicação científica.

Uma fé primordial está dentro de cada ser humano, em desenvolvimento. Basta que a procuremos. A semente está lá. Basta irrigá-la, que ela continuará evoluindo. E, um dia, quem sabe, poderemos nos aproximar do CRIADOR.

domingo, 11 de novembro de 2007

Amor Incondicional

Tantos tipos de amor tenho visto por aí.
Amores fracos, desnutridos de coragem; amores fortes, que atravessam muitas barreiras, mas que em certo momento tropeçam numa pequena pedra, caem e não conseguem mais se levantar.

De tantos e todos os tipos de amor que conheci, houve um que jamais esquecerei: o amor incondicional, aquele que existe apesar de, e que atravessa qualquer tipo de tempestade, tropeça em muitos obstáculos e mesmo assim não deixa de existir; não altera a sua rota, não diminui a sua dimensão, não perde o seu peso, não permite que o seu brilho seja ofuscado.

Só ama incondicionalmente quem é possuidor de uma alma grande, e esse tipo de alma normalmente é acompanhada de um espírito de luz.
Amar assim é não viver subjugado a "mas..." e "poréns...", é não ter critérios para doar esse amor, é não exigir troca e abrir mão de reciprocidade.
Quando se ama incondicionalmente tem um espaço dentro do cérebro que fica reservado em definitivo para que nas vinte e quatro horas do dia o pensamento não se afaste do objeto desse amor.

Já no coração, não existe um espaço designado para guardá-lo, porque ele é todo esse amor, vivenciado e sentido enquanto ele bater.
Amor incondicional não tem orgulho de nenhuma espécie.
Não se envaidece de sua capacidade, nem de sua força, não tem necessidade de alardear a sua existência, nem demonstrar o seu imenso universo, ele é simplesmente um amor humilde, puro e despretensioso e justo por isso se torna grandioso.

Corações que vivem esse tipo de amor, são generosos, eternos, mesmo depois que param de bater, são sublimes e por isso conseguem guardar dentro deles tanta ternura.
Amor incondicional não faz de conta que é, não se obriga a desistir de si mesmo, não precisa viver de fantasias, nem andar travestido de ilusões para prosseguir o seu caminho.

Esse amor do qual estou falando é por si só inteiro, não agoniza e muitas vezes inexiste aos olhos dos outros, mas quem ama incondicionalmente, sabe a receita exata de como vivê-lo sem dores.
Felizes daqueles que despertam essa maneira de amar em alguém, esses sim, têm motivos de sobra para se orgulhar por terem conseguido atingir de forma tão especial um coração carregado do mais puro dos sentimentos.

Amor se torna incondicional quando ele já se acomodou dentro do peito, já se conformou com a estrada que terá que percorrer e já não há mais possibilidade de derrapar em nenhuma curva desse caminho, nem ser atropelado por qualquer dúvida.
É quando também, o que ficou para trás já não importa e o que está por vir não vai mudar nada.

O amor incondicional é aquele que doa o melhor de si, mesmo que esteja recebendo o pior de alguém, porque ele não depende de ser querido, nem de ser aceito e não esmorece se for ignorado.
Esse amor é daqueles amores que no passado já sangraram muito, latejaram, abriram enormes feridas, mas que ainda assim não deixaram marcas nem cicatrizes, porque a partir daí, resplandeceram e passaram a viver em eterno estado de graça até o instante que se eternizaram.

O amor incondicional não corre atrás de sonhos impossíveis, não precisa disso.
Ele já é maduro, há muito deixou de ser adolescente, e envelhecer também não está nos seus planos, porque o amor que se torna velho, é um amor cansado, desgastado, exaurido.
Já o incondicional é e sempre será, ativo, independente, coerente, auto-suficiente, porque se reserva o direito de ser solitário e ainda assim completo e realizado, porque reside nele a certeza de sua inocência, pureza e sinceridade.

Existe um encontro marcado entre o amor incondicional, a glória e o esplendor em algum canto do mundo, em algum instante da vida ou em algum momento após a morte, mas ele não conta os dias para isso, nem sequer consulta o relógio, embora para ele, o momento desse encontro seja a grande magia da sua existência.
Amor incondicional é de uma elegância imensurável, de uma postura invejável e de uma personalidade única.

Felizes daqueles que são merecedores de serem amados incondicionalmente e mais felizes ainda, aqueles que se permitem amar assim, porque são eles os grandes heróis da vida.
Infelizes daqueles que não conseguem perceber quando despertam esse tipo de amor, que não têm a sensibilidade de sentí-lo ao seu redor e valorizá-lo independente do que podem oferecer a ele.

Amar incondicionalmente é uma arte.
Ser amado assim, um presente divino.

Anne Parker

Quem é você? Desperte-se para sua verdadeira natureza

A vida é surpreendente... vez ou outra, quando menos esperamos, nos presenteia com um de seus movimentos feitos da mais pura poesia.
Talvez nem todos se dêem conta disso, eu sei. Muitos de nós somos diariamente tragados por uma correnteza interminável de obrigações e afazeres que acaba levando com ela o que temos de mais precioso, a nossa alma. Uma observação: quando digo "alma" não me refiro a nenhum conceito esotérico ou religioso. Quando digo "alma" me refiro àquela parte de nós que sabe que existe um sentido maior para essa nossa existência do que trabalhar, pagar contas, comer e contar os dias até que possamos viajar por alguns dias para um "resort" bacana durante as tão sonhadas férias.

É a "alma" em nós que nos permite seguir pela vida sem nos perdermos da inocência da criança que fomos um dia. É claro que é necessário que percamos um bom tanto da ingenuidade para viver em um mundo como o que vivemos. Mas a inocência... ah! a inocência!!!... essa nunca deveria ser deixada para trás! É ela que nos permite acreditar em nós mesmos, nas pessoas, na vida. Não importa quantas vezes tenhamos nos ferido. Não importa o número de cicatrizes que enfeitem nossa pele humana tão cheia de falhas e imperfeições. Não importa que tenhamos encontrado ogros e dragões de mau hálito todas as vezes em que decidimos dar um passeio pela floresta. A inocência nos diz que podemos continuar a arriscar!
Sem risco, não há vida! (eu sei que vivo escrevendo sobre isso, mas não consigo deixar de pensar na importância dessa mensagem!).

Cabe a cada um de nós reescrever, a cada dia, o final de nossa história. Podemos usar o nosso passado como uma boa desculpa para nos tornarmos amargos, fechados, cheios de defesas, irônicos, sarcásticos e até mesmo cruéis. Mas podemos também aceitar que tudo o que vivemos foi parte fundamental da estrada que nos trouxe a este exato momento, agradecer e olhar para o nosso futuro como um artista olha para uma tela em branco; despejando sobre essa brancura os nossos sonhos, inclusive os que parecem impossíveis. Mesmo se não puderem ser realizados, os sonhos tornarão a nossa vida mais colorida. Por que viver em preto e branco quando existem tantas cores à nossa disposição na paleta da vida?
Estou falando de escolhas, estou falando que você, que me lê aí do outro lado dessa tela, pode mudar a sua vida quantas vezes quiser. Não existe nada que aprisione você a não ser as crenças que você mesmo construiu. As grades são absolutamente ilusórias e incapazes de impedir seu movimento, se você assim quiser.

O que você quer para a sua vida? (Você deveria fazer a si mesmo essa pergunta de vez em quando, é assim que o processo de mudança se inicia.)
Tudo pode mudar de um momento para o outro. Zapt!!! Um pequeno desvio no caminho, e uma nova vida se desdobra à nossa frente. Tudo pode mudar - se ao menos você puder sair dos trilhos conhecidos e confortáveis por um precioso instante de segundo - eu sei que você pode. Mas de nada adianta “eu” saber. “Você” é quem precisa acreditar nisso, com todo o seu Ser.
Não há como criar um futuro diferente se você continuar percorrendo sempre os mesmos caminhos.
Eu sei que é difícil. Como você, fui educada para seguir as regras, agradar a todos e me comportar como uma menina de "boas maneiras". Fui educada para ser bem recebida por São Pedro, um homenzinho careca com asas de anjo que fica em frente àquele enorme portão que existe na entrada do céu. E mais, fui educada para ser sempre solícita. Assim sendo, já que ia para o céu, deveria levar comigo uma latinha de óleo lubrificante para que o portão não fizesse aquele horrível rangido e incomodasse o divino cântico dos anjos.

Eu juro que tentei.
Por muito tempo tentei fazer sempre tudo certo, e até consegui muitas coisas assim. Mas como cansa...
Além do cansaço fui descobrindo que essa forma de ser me tornava uma verdadeira chata! (difícil assumir isso em público, mas tenho com você um compromisso de ser verdadeira). Além disso, seguir sempre todas as regras fazia as minhas costas doerem. E meus ombros aos poucos foram ficando arqueados de tanto carregar aqueles enormes livros de certos e errados. Um dia olhei de relance a minha imagem no espelho e, por um instante, vi a triste imagem de um Corcunda de Notredame (em uma versão feminina e cabeluda) me fitando do lado de lá. Confesso... foi assustador!!!
Foi quando decidi deixar para trás todas aquelas cobranças. Sacudi os ombros e, mesmo sabendo que talvez São Pedro ficasse bravo comigo, decidi ser apenas quem eu poderia ser... eu mesma. Humana e cheia de imperfeições.

Talvez nem todos gostem de mim, eu sei. Talvez eu me perca de vez em quando, como acontece quando visitamos um país estranho. Talvez a vida não seja tão segura e confortável como eu gostaria. Mas de que adianta viver na gaiola mais confortável do mundo?
Todos nós nascemos com asas, e recebemos o dom de voar. Essa é a nossa verdadeira natureza. A minha. A sua.

A águia e a galinha
Existe uma metáfora muito explorada por Leonardo Boff. Ele até escreveu um livro com esse título: A águia e a galinha. A idéia que ele transmite é mais ou menos assim:
Todos nós somos águias!
Eu sou águia. Você é. Todos somos.
Somos dotados de capacidades que encantariam a todos os deuses do Olimpo. Somos seres dotados de uma força incrível, poderosos, capazes de enxergar tão longe quanto a águia que vive no alto da montanha. Mas muitas vezes nos sentimos e comportamos como galinhas que mal alçam vôo acima das suas companheiras que moram no galinheiro, desesperadas por garantir seu grão de milho diário.

Apesar de todo o potencial disponível, muitas vezes desperdiçamos toda uma vida sem nos erguermos um palmo acima do chão. Somos como águias com amnésia, esquecidos, empobrecidos. Somos reis mas muitas vezes nos sentimos pobres como mendigos.
Se eu pudesse bateria com uma varinha de condão na sua cabeça e faria com que a memória voltasse a você. Bem... não nasci fada, muito menos tenho varinha de condão. Mas tenho esse teclado, um pouco de bom humor e ousadia suficiente para brincar com as palavras. Confio que algo em você se agite ao ler estas linhas, que você se aposse da sua verdadeira natureza e descubra que possui asas fortes o suficiente para erguê-lo acima dos desafios cotidianos que muitas vezes parecem grilhões atando seus pés ao chão.

Espero ser capaz de despertar a mim mesma também.
Quem sabe, despertos, possamos voar juntos até São Pedro, contar-lhe uma boas piadas, rir todos juntos e assim garantir um passeio pelo céu de vez em quando?

Como desenvolver nossa Auto-estima

Como desenvolver nossa Auto-estima
Sirley Bittú


Quando somos crianças necessitamos da opinião de nossos pais (ou daqueles que desempenham esse papel) para nos sentirmos confirmados no mundo, aceitos “normais”, tanto perante os outros, como perante nós mesmos. Conforme vamos crescendo, a opinião de outras pessoas a respeito de nossas idéias e atitudes também se torna importante, afinal, somos seres sociais.
É nessa relação entre nosso mundo interno e o mundo externo que desenvolvemos nossa auto-imagem. O esperado é que gradativamente essa imagem possa ser checada com nossa própria avaliação de nossos potenciais e de nossos limites, a partir de uma percepção mais assertiva e cuidadosa de nossas verdades.

A auto-estima é um processo dinâmico que se inicia na infância e continua vivo durante toda a vida. É base significativa de toda nossa estrutura emocional, por isso é tão importante entender e tratar essa questão.

Durante nosso desenvolvimento, aprendemos a nos relacionar afetivamente a exemplo das relações que vivenciamos durante nossa vida. Sabemos que temos um pouco de nossos pais e das figuras afetivas que nos acompanharam em nossa infância e que estes serão por muito tempo nossos modelos e nossas referências. A família é nosso primeiro grupo social e nos fornece os parâmetros que necessitamos para nos relacionar socialmente. Construímos com essas vivências nosso brasão pessoal, permeado por mitos e verdades sobre nós mesmos e sobre o mundo. Nosso autovalor é formado ao longo do tempo, desde muito cedo, através da confirmação - ou não - de nossas atitudes,nosso comportamento, nossos desejos e nossas escolhas.

Durante nossa infância precisamos ser confirmados, ou, poderíamos dizer melhor, “alimentados”, pelo amor incondicional, recebido geralmente de nossos pais. Desta forma abrimos espaço para a segurança interna, a autoconfiança e conseqüentemente a autonomia e a independência. Para isso a qualidade da relação afetiva estabelecida com nossos pais faz muita diferença, tendo papel fundamental na confiança que temos nesse feedback.

O amor incondicional traz consigo a aceitação do outro e de seu “pacote completo”, com todos os seus “defeitos” e “qualidades”, mas o limite entre aceitação plena e a permissividade torna-se tênue e muitas vezes de difícil entendimento. Para exemplificar, vamos imaginar alguns pais que no difícil exercício do educar, erram pelo excesso, oferecem tudo sem pedir nada em troca, não ensinam o advento da gratidão. Como resultado podem dar origem a pequenos tiranos, crianças egocêntricas e prepotentes, que fatalmente sofrerão para entender que o mundo é maior que a extensão de sua casa. Outro engano comum no entendimento do amor incondicional é a ausência de limites.

Alguns pais simplesmente não conseguem colocar limite, muitas vezes por medo de frustrar a criança e com isso perder seu amor, deste modo dão a criança uma idéia equivocada de que tudo lhe é possível e permitido. O que muitos desconhecem é que o limite utilizado como parâmetro e não como simples cerceamento, é extremamente importante para o desenvolvimento da noção de respeito, pois tem papel essencial para ajudar a criança a perceber suas características próprias, dificuldades, seu potencial, sua existência e a existência do outro.

Durante a adolescência a confirmação ainda é buscada fora de si, no amigo, nos grupos, nos “iguais”; é a idade dos ídolos, das modas e do“papo cabeça”.
Cada pessoa vivencia essa fase a seu modo, variando conforme sua história de vida e sua personalidade.

Desta forma vamos aprendendo como somos importantes para o mundo e descobrindo nosso valor pessoal. Algumas vezes esse processo não ocorre como esperado, surgindo daí crianças, adolescentes e adultos inseguros, insatisfeitos e muitas vezes rancorosos com maior ou menor estima por si e pelos outros.

Uma das formas de reparar a “baixa” auto-estima, é buscar através do processo de aprofundamento seu autoconhecimento (psicoterapia), desenvolver um outro olhar sobre si mesmo, muitas vezes um primeiro olhar positivo sem préconceitos, num processo de revelação de suas características; aprendendo a fazê-las trabalhar a seu favor, descobrindo desta forma, quem realmente somos, quais os desejos, medos, necessidades, potenciais enfim, sua singularidade.

Olhando as qualidades e os defeitos que possui e aprendendo a aceitá-los, você estará “topando” o pacote completo, chegando mais perto do humano, revendo sua autocrítica e perdoando-se por ser genuinamente imperfeito.

Convivência - a arte da felicidade ou da guerra?!?

por Rosana Braga

Creio que não haja exercício mais difícil nesta vida do que conviver com o outro. Aceitar as diferenças e administrar os conflitos, sem que isso se torne uma guerra trata-se, certamente, de uma charada sagrada.

Sim, porque sem a convivência nos tornamos como que sem propósito. Afinal, embora muitas vezes nos esqueçamos ou prefiramos ignorar esta verdade, o fato é que tudo o que fazemos e somos está a serviço de apenas um objetivo: sermos reconhecidos e amados.

Porém, é também na convivência que reside nosso maior desafio, o mais humano e intrigante aprendizado, o mais intenso conflito a que nos submetemos durante toda nossa existência, do primeiro ao último suspiro!

É quando todos os nossos sentimentos - um a um – ficam aflorados, expostos, escancarados; algumas vezes de forma linda, mágica, encantadora... mas outras vezes, de forma ridiculamente mesquinha, pequena, assombrada...

Se considerarmos que passamos a maior parte de nosso tempo no ambiente de trabalho, haveremos de considerar que são as relações nutridas neste lugar que nos servem como práticas mais recorrentes.

Embora, geralmente, não estejam aí nossos encontros mais caros, é no trabalho que trocamos nosso comportamento por um valor determinado, previamente combinado, estejamos satisfeitos ou não com este montante.
Portanto, este pagamento nos induz, muitas vezes, a agir de modo comedido, engessado, como quem cumpre um script sem considerar os verdadeiros sentimentos.

Acontece que não fomos feitos para o fingimento e sim para a autenticidade, seja ela bonita ou não. Assim, mais cedo ou mais tarde, é quem realmente somos que fica em evidência e é a partir daí que encontramos bem-estar ou desespero, alegria ou angústia, prazer ou dor, conciliação ou tormento.

Justamente por isso que acredito piamente ser a gentileza nosso maior trunfo. Obviamente que não falo da gentileza protocolar, mas daquela genuína, capaz de promover a paz nos relacionamentos do cotidiano. Por isso, embora realmente seja difícil praticá-la em algumas ocasiões, penso que é urgente começarmos a ser gentis com aqueles que dividem conosco o ambiente de trabalho e com quem compartilhamos a mesma casa, o mesmo quarto e a mesma cama.

Por quê? Pra que? Até quando? Bem... se ao menos tentarmos e nos abrirmos para sentir os benefícios que a gentileza pode trazer para nossas vidas, tanto do ponto de vista interno, quanto relacional, certamente faremos um esforço.

10 dicas para ser gentil na convivência

1. Tente se colocar no lugar do outro. Tente de verdade, com todo o seu ser.
É eficiente demais esse exercício!

2. Aprenda a escutar. Esvazie seus ouvidos para absorver o que o outro está dizendo. Aí pode estar a solução que nem ele ainda foi capaz de enxergar.

3. Pratique a arte da paciência. Julgamentos e ações precipitadas tendem a causar desastres horrorosos.

4. Peça desculpas, especialmente se esta opção lhe parecer difícil demais.
Isso pode definitivamente mudar a sua vida!

5. Procure ao menos três qualidades no outro e perceba que esse hábito pode promover verdadeiros milagres.

6. Respeite as pessoas quando elas pensarem e agirem de modo diferente de você. As diferenças são verdadeiras preciosidades para todos.

7. Demonstre interesse pelo outro, por seus sentimentos e por sua realidade de vida.

8. Analise a situação. Deixe a decisão para o dia seguinte, se estiver de cabeça quente. Alcançar soluções pacíficas depende também do seu equilíbrio interno.

9. Faça justiça. Esforce-se não para ganhar, como se as eventuais desavenças fossem jogos ou guerras, mas para que você e as pessoas ao seu redor fiquem bem!

10. Seja gentil. A gentileza nos leva a resultados criativos e produtivos e ainda desvenda a charada da convivência: único meio de nos sentirmos verdadeiramente realizados!

A arte de viver juntos

A ARTE DE VIVER JUNTOS
Roberto T. Shinyashiki

Muitas pessoas formam um casal pensando que vão iniciar uma grande brincadeira
cujo objetivo maior é o prazer.
A experiência mostra que esses que pensam apenas no gozo são os que mais sofrem numa relação.

Depois de algum tempo, vêm as insatisfações, as frustrações, as cobranças, a rotina e o tédio.
A pessoa se sente como um peixe no anzol: tentou comer a minhoca e acabou virando comida de pescador!

Quando duas pessoas desejam se unir, devem criar um espaço no qual possam desenvolver a capacidade de viver a dois, buscar soluções criativas à medida
que os obstáculos aparecem e aprendem a desfrutar todas as formas de viver com amor.

Após a grande libertação sexual dos anos 60 e 70, ficou fácil para as pessoas se encontrarem e terem relacionamentos ocasionais,em que aliviam as tensões, conhecem gente diferente e gozam de momentos agradáveis.
Mas, ao mesmo tempo, cada vez mais, elas sofrem com a "ressaca sexual" - aquela sensação de vazio, culpa e insatisfação que acompanha tais relacionamentos.

A pessoa acorda de manhã e se pergunta: "Meu Deus, O que estou fazendo nesta cama,
ao lado desta pessoa". Já dizia um poeta: "Deitei ao lado de um corpo e acordei à beira de um abismo..."

A ressaca sexual aparece toda vez que se comete uma agressão íntima contra si mesmo e, sem dúvida, é um aviso de que precisa ser mais cuidadoso.
No passado, muitas pessoas experimentavam a "ressaca moral" por ter transgredido
uma regra aprendida na infância, como a norma de que se deve ser fiel ao esposo ou praticar sexo apenas depois do casamento.

Mas hoje, o que nos chama a atenção é a ressaca sexual, cada vez mais experimentada
por mulheres e homens que tiveram um grande número de relações superficiais e passageiras.
Passada a euforia da "liberação sexual", as pessoas estão sentindo falta de relações profundas e sólidas!
Estar com alguém plenamente é um caminho de crescimento, um aprendizado de viver a dois; é a possibilidade de vencer o medo da entrega e de se conhecer no mais íntimo.

Conviver com alguém que amamos é o mesmo que comprar um imenso espelho da alma,
no qual cada um dos nossos movimentos é mostrado sem a mínima piedade.
Ao mesmo tempo que conhecemos melhor o outro, entramos em contato com nossas inseguranças também. E aí começa o inferno...
Em vez de encarar a verdade e de ver a imagem temida do verdadeiro eu, tenta-se quebrar o espelho.

Como é possível quebrar esse espelho?
Há muitas formas, porém as mais freqüentes são:fugir da intimidade, culpar o outro, não assumir as próprias responsabilidades na relação desacreditar o amor.
Viver com alguém é uma oportunidade de conhecer o outro, mas também a maior chance
de entrar em contato consigo mesmo.
Apenas quando conseguimos nos enxergar por inteiro é que percebemos o medo de nós mesmos e nos damos conta de que precisamos evoluir para nos tornar pessoas melhores.
Começamos, então, a nos capacitar para o amor.

Um dia, perguntaram a um grande mestre quem o havia ajudado a atingir a iluminação,
e ele respondeu: "Um cachorro".
Os discípulos, surpresos, quiseram saber o que havia acontecido, e o mestre contou:
"Certa vez, eu estava olhando um cachorro, que parecia sedento e se dirigia a uma poça d'água.
Quando ele foi beber, viu sua imagem refletida.
O cachorro, então, fez uma cara de assustado, e a imagem o imitou. Ele fez cara de bravo, e a imagem o arremedou.
Então, ele fugiu de medo e ficou observando, distante, durante longo tempo, a água.
Quando a sede aumentou, ele voltou, repetiu todo o ritual e fugiu novamente.
Num dado momento, a sede era tanta que o cachorro não resistiu e correu em direção
à água, atirou-se nela e saciou sua sede.
Desde esse dia, percebi que, sempre que eu me aproximava de alguém, via minha imagem refletida, fazia cara de bravo e fugia assustado.
E ficava, de longe, sonhando com esse relacionamento que eu queria para mim.
Esse cachorro me ensinou que eu precisava entrar em contato com a minha sede e mergulhar no amor, sem me assustar com as imagens que eu ficava projetando nos outros".

Texto do livro:
"Amar Pode Dar Certo"

A ilusão do reflexo

A ilusão do reflexo

Conta-se que um pai deu a sua filha um colar de diamantes de alto preço.

Misteriosamente, alguns dias depois o colar desapareceu. Falou-se que poderia ter sido furtado.

Outros afirmaram que talvez um pássaro tivesse sido atraído pelo seu brilho e o levado embora.

Fosse como fosse, o pai desejava ter o colar de volta e ofereceu uma grande recompensa a quem o devolvesse: R$ 50.000,00.

A notícia se espalhou e, naturalmente, todos passaram a desejar encontrar o tal colar.

Um rapaz que passava por um lago, próximo a uma área industrial, viu um brilho no lago.

Colocou a mão para proteger os olhos do sol e certificou-se: era o colar.
O lago, entretanto, era muito sujo, poluído, e cheirava mal.

O rapaz pensou na recompensa. Vencendo o nojo, colocou a mão no lago, tentando apanhar a jóia.

Pareceu pegá-la, mas sentiu escapulir das suas mãos. Tentou outra vez. Outra mais. Sem sucesso.

Resolveu entrar no lago. Emporcalhou toda sua calça e mergulhou o braço inteiro no lago.

Ainda sem sucesso. O colar estava ali. Mas ele não conseguia agarrá-lo. Toda vez que mergulhava o braço, ele parecia sumir.

Saiu do lago e estava desistindo, quando o brilho do colar o atraiu outra vez.

Decidiu mergulhar de corpo inteiro. Ficou imundo, cheirando mal. E ainda nada conseguiu.

Deprimido por não conseguir apanhar o colar e conseqüentemente, a recompensa polpuda, estava se retirando, quando um velho passou por ali.

O que está fazendo, meu rapaz?

O moço desconfiou dele e não quis dizer qual o seu objetivo. Afinal, aquele homem poderia conseguir apanhar o colar e ficar com o dinheiro da recompensa.

O velho tornou a perguntar, e prometeu não contar a ninguém.

Considerando que não conseguia mesmo apanhar o colar, cansado, irritado pelo fracasso, o rapaz falou do seu objetivo frustrado.

Um largo sorriso desenhou-se no rosto do interlocutor.

Seria interessante, falou em seguida, que você olhasse para cima, em vez de somente para dentro do lago.

Surpreso, o moço fez o recomendado. E lá, entre os galhos da árvore, estava o colar brilhando ao sol.

O que o rapaz via no lago era o reflexo dele.

A felicidade material se assemelha ao reflexo do colar no lago imundo.

Na conquista de posses efêmeras, quase sempre mergulhamos no lodo das paixões inconseqüentes.

A verdadeira felicidade, no entanto, não está nas posses materiais, nem no gozo dos prazeres.

Ela reside na intimidade do ser. Nada ruim em se desejar e batalhar por uma casa melhor, um bom carro, roupas adequadas às estações, uma refeição deliciosa.

Nada ruim em desejar termos coisas. A forma como as conquistamos é que fará a grande diferença.

Se para as conseguir, necessitamos entrar no lodaçal da corrupção, da mentira, da indignidade, somente sairemos enlameados, e infelizes.

Esse tipo de felicidade é como o reflexo do colar na água: pura ilusão.

Somente existe verdadeira felicidade nas conquistas que a honra dignifica, que a consciência não nos acusa.

Pensemos nisso. E, antes de sairmos à cata desesperada de valores materiais expressivos, analisemos o que necessitamos dar em troca.

Porque nada vale que mereça sacrificar a honra, a dignidade pessoal, a auto-estima, a vida espiritual.

(conto de autoria desconhecida.)

Às favas com o amor! Eu quero é ser feliz...

Às favas com o amor! Eu quero é ser feliz...
Rosana Braga

Pois é... a sensação que tenho tido, nos últimos tempos, é de que essa busca pelo grande amor, pelo par ideal, pelo príncipe encantado, pela felicidade infinita – que deveria ter se configurado como um caminho edificante e enobrecedor – tem servido bem mais para transformar a vida de um grande número de pessoas numa insanidade absurda.

Basta repararmos um pouco mais atentamente na enorme confusão que tem sido tantas relações (com suas intermináveis tentativas de nomenclaturas) e terminaremos por concluir que nisso tudo tem algo que precisa ser urgentemente revisto, reavaliado e reconduzido.

Se estudarmos um pouco mais profundamente a história da humanidade, não demoraremos a descobrir que o comportamento entre homens e mulheres, incluindo o desejo sexual e suas mais diversas manifestações, passou por algumas transformações significativas antes de chegar neste cenário que vivemos atualmente.

Se no começo tudo era uma questão de sobrevivência e perpetuação da espécie, não faz muito tempo nasceu o desejo pelo conforto, pela fartura, pelo bem-estar. Eis também o nascimento do amor romântico e dessa tão visceral busca pela felicidade, que ganhava – a partir de então – um sentido bem mais amplo e refinado do que tinha até então.

Daí para alcançarmos este ritmo alucinante de mudanças, não demorou quase nada. Bem menos de um século apenas. E neste momento vivemos como que em meio a um furacão, recheado de dúvidas, incertezas, inseguranças, expectativas e perspectivas cujas bases estão trincadas, em plena reforma...

E a pergunta se repete, incessantemente: por que tem sido tão difícil viver esse tal grande amor? Por que embora esse pareça ser o maior desejo da grande maioria, o que reina são os desencontros?

Talvez você também já tenha vivido contradições profundas como essas. Talvez já tenha acreditado piamente que tudo o que mais desejava era amar e ser amado e, diante desta possibilidade, não soube o que fazer, ou fez tudo errado...

Talvez já tenha dito para si mesmo, incontáveis vezes, que prefere ficar só, desfrutar de sua liberdade, preservar seu espaço e sua individualidade e, cara a cara com seu espelho, sentiu medo da solidão ou o peso quase insuportável da falta de um abraço...

E nesses momentos, convencido (?) pela atual corrente de pensamento que afirma que tudo só depende de você, o conflito interno é praticamente inevitável: o que eu realmente quero? Se depende só de mim, por que será que as pessoas influenciam tão diretamente no modo como me sinto? E se a responsabilidade pelo que me acontece é somente minha, por que nem sempre alcanço os resultados para os quais tanto me dediquei?

Não sei... mas diante de todos esses pontos de interrogação, tendo a concluir que este é um momento da história das relações de completa metamorfose. O que era antes não é mais. O que será ainda não sabemos. Agora, somos homens e mulheres repensando seus papéis, seus desejos, seus lugares dentro dos encontros amorosos, da família e da vida em geral.

O problema, então, talvez seja o apego e o anseio por uma idéia de grande amor que é incompatível com a realidade atual. Um grande amor que não seja castrador e submisso como o que viveram nossos avós, mas que também não seja tão livre e descomprometido como este que temos experimentado nas últimas décadas. De preferência, que seja intenso, romântico, perfeito, cheio de encanto e paixão, como descrevem os poetas e compositores ou mostram os filmes das telas dos cinemas... Daqueles que chegam e nos arrebatam de uma vidinha que não temos suportado carregar sozinhos (porque é exatamente assim que tenho visto muita gente esperar por um grande amor). Ah! E que seja para sempre, claro!

Não percebemos que essa busca não é coerente com as atitudes que temos tido ou com o modo de vida que temos adotado. As engrenagens externas estão totalmente desencaixadas das internas. Os ritmos estão desencontrados. O que se deseja comprar não é o que está à venda e ainda assim pagamos o preço para ter o que está nas prateleiras. Estamos perdidos entre sentir, querer, fazer, parecer e, enfim, ser!

Tudo bem... acho até que não daria pra ser muito diferente disso, já que a fase é de profundas mudanças, mas aposto que o caminho poderia ser bem mais suave e prazeroso se parássemos de acreditar que o “grande-amor-dos-contos-de-fadas” é a solução na qual devemos investir toda a nossa existência.

A insanidade (que é o que mando às favas, na verdade) fica por conta dessa insistência em acreditarmos que amor é um ‘estado civil’ qualquer que devemos atingir e, uma vez nele, a felicidade é certa. Não é! Felicidade é aquela que temos a oferecer e não aquela pela qual temos esperado. E é também bem mais incerta, imperfeita e inconstante do que temos imaginado. Simplesmente porque somos gente e gente é assim: incerta, imperfeita e inconstante.

E quando, finalmente, aceitarmos esse fato, creio que teremos começado a compreender o que é o amor...

No amor, escolhemos ou somos escolhidos?

No amor, escolhemos ou somos escolhidos?
Sirley Bittú

Quando alguém me procura para iniciar uma psicoterapia por se sentir sozinho, ou descontente com algum aspecto de sua vida, costumo sugerir inicialmente uma “checagem” de sua vida emocional e afetiva.

As perguntas:

“Por que estou sozinho?” “Porque não consigo encontrar alguém para mim?”
Podem ser substituídas por: “O que fiz com minha vida”? “Que pessoas eu encontrei e quais eu não me permiti encontrar”? “O que estou buscando”?
“Quem estou realmente buscando”? Ou mesmo: “Quero ter alguém neste momento em minha vida?”.

As escolhas que fazemos estão sempre ligadas a nossos desejos, sejam eles conscientes ou não. Se você hoje tem alguém ao seu lado que não lhe satisfaz, ou que te traz algum sofrimento, certamente esta pessoa atende alguma outra necessidade que pouco você percebe, mas que no momento é a mais importante e a mais forte.

Se você não tem ninguém ao seu lado pode ser porque de alguma forma preferiu isso; ou por medo ou por egoísmo ou por achar que ninguém é bom o suficiente, ou por algum outro motivo que nem você tem consciência ainda.
Ninguém está fadado a ficar sozinho, pois a solidão afetiva é uma escolha pessoal como a maior parte dos caminhos que tomamos em nossa vida.

É verdade! A solidão não é obra do acaso ou de falta de sorte. Você escolhe estar sozinho ou acompanhado baseado - é claro - no seu entendimento do que é melhor para você e no que vai lhe fazer sofrer ou não.
Muitas pessoas entram em depressão por sentirem-se sozinhas, não escolhidas, abandonadas, pouco interessantes e na maioria das vezes elas se tornam assim mesmo, confirmando suas próprias previsões. Interagir, relacionar-se é viver; vida
é emoção, é saúde, é alegria e amor.

Não existe um lugar certo para encontrar alguém especial, o que existe é a percepção do quanto você é especial e importante em sua própria vida. Estar disponível para viver a própria vida, permitir-se saboreá-la, seja de que forma for, é uma atitude que interfere e modifica a qualidade dos relacionamentos que você empreende.

Você pode ter alguém a seu lado que você nunca realmente olhou como homem ou como mulher, simplesmente por estar muito preocupada(o) com um ideal de companheiro(a), ou mesmo de namorado(a).

A pessoa perfeita não existe, porque o ser humano é genialmente imperfeito, o que faz com que as relações sejam ainda mais interessantes e excitantes.
Para entender isso, basta olhar a natureza, onde a diferença e complementaridade propicia a interação das espécies e sua sobrevivência.

Nas relações dos contos de fadas a princesa precisa ser bela, ingênua e pura em seus sentimentos para, “no final da estória”, ser recompensada com um lindo, ingênuo e puro príncipe. No mundo real queremos ser felizes já! Além do mais, estas relações não se sustentariam, afinal, qual príncipe suportaria uma princesa mal-humorada, em TPM, com dor de cabeça, mimada e eternamente insatisfeita? E o inverso então? O príncipe viraria sapo rapidinho!

As relações que fazemos de forma saudável têm o caráter da troca e relacionam-se a um entendimento mais amplo desse forte sentimento humano que é o amor. Amar significa relacionar-se ao pacote completo, encantar-se com as qualidades sem negar os defeitos, ou seja, amar apesar dos defeitos.

Na relação estamos aprendendo e ensinando algo também. Dando e recebendo.
Para isso é preciso primeiro saber que você tem algo a oferecer ao mundo.
Sempre terá e não é necessário ser o ápice da beleza e perfeição corporal, ou um Einstein, tampouco a própria gueixa subserviente e passiva aos caprichos e desejos de alguém, para merecer ser amada(o).

Respeito próprio, amor próprio, auto-estima, autoconfiança, aceitação, determinação. São as bases para uma possibilidade de relacionamento. Veja que todos esses conceitos remetem primeiro a você próprio e depois ao outro.

A forma de buscar relações muda, mas a necessidade humana continua a mesma.
O ser humano necessita se relacionar, precisa desse élan vital que a troca de experiências propicia para sobreviver, se desenvolver e se sentir feliz.
Encontramo-nos então com um novo desafio: como conseguir estabelecer uma relação mais íntima mais cúmplice, baseada na confiança verdadeira e genuína?

Primeiramente comece com você mesmo, estreite as relações consigo mesmo, se conheça mais, se respeite e acima de tudo se aceite, olhe para seus medos, trabalhe-os, procure resolvê-los, valorize o que tem de bom e cuide do que te atrapalha, só assim conseguirá ser livre o suficiente para se relacionar com alguém.

Melhor levar um grande susto do que passar a vida inteira assustado...

Melhor levar um grande susto do que passar a vida inteira assustado...
Rosana Braga

- Agora, eu vou às sessões de terapia só para conversar. Já estou bem... Não tenho mais nada a tratar em mim.

E eu comentei, com tal espanto que quase alterei meu tom de voz:
- O quêêêêêê?!? Como assim?!?!?

Ele faz terapia há apenas dois anos e se considera uma pessoa resolvida, sem questões internas a serem olhadas, como se nada precisasse ser revisto, melhorado, lapidado...

Acrescentei, de certa forma aliviada:
- Apesar de todo meu trabalho de autoconhecimento, ainda vejo tanto em mim a ser descoberto. Ainda me defronto com tantas limitações e tanto a aprender, a ampliar, a conquistar para me tornar uma pessoa mais integrada e mais humana, com toda a complexidade que essa condição nos impõe... E você se considera pronto e acabado depois de dois anos se olhando?!?

E ele respondeu (felizmente) num tom titubeante:
- É...

Prefiro acreditar que aquele “é” final serviu apenas para provar o quão em dúvida ele ficou acerca de um diagnóstico que definitivamente não combina com a ‘metamorfose ambulante’ que todos nós deveríamos ser, como tão inteligentemente compôs Raul Seixas.

E cá fiquei, como de costume, me fazendo vários questionamentos, especialmente sobre mim mesma e o quanto o meu próprio caminho faz sentido ou não, o quanto eu já deveria me sentir resolvida também ou não, o quanto essa minha busca que considero ser pra vida toda é mesmo imprescindível ou não. E me lembrei de uma frase que ouvi, certa vez, de uma pessoa muito sábia – Edda Meceni:

“É melhor levar um grande susto do que passar a vida inteira assustado”.

E creio que consegui compreender um pouco mais sobre a dinâmica que a maioria de nós prefere usar durante a vida. É isso: a gente prefere viver assustado, experimentando pequenos sustos diários. Um medinho de tentar um trabalho novo hoje, um medinho de investir numa relação amanhã, outro medinho de apostar num dom artístico depois de amanhã... e assim vamos levando...

Criamos pequenos impedimentos, todos os dias, para nós mesmos e nos acostumamos tanto a eles que nem os percebemos mais. Obstáculos que vão se transformando em desistências; sustinhos que se tornam quedas e machucados quase imperceptíveis, não fosse pela dorzinha latejante que insiste em causar um descompasso em nosso coração...

No mais, vai ficando também aquela sucessão de pequenos vazios causados pela angústia da não-realização... e a gente vai levando, preferindo acreditar que tá tudo resolvido dentro da gente...

Mas e aí? Cadê a profundidade, donde vem o mais verdadeiro e o mais valioso que pode existir em nós? Como chegar até lá se não nos entregarmos ao grande susto?!?

Como enxergar quem realmente somos sem aceitar a possibilidade de que algumas de nossas mais convictas verdades talvez sejam grandes mentiras, e que algumas de nossas mais convictas mentiras tenham lá seu fundo de verdade?!?

Como sair da cômoda posição de ‘assustadinhos’ e nos permitirmos, de vez em quando, um enorme susto, um desespero criativo, que muda tudo, que faz a gente recomeçar, e que nos mostra o quanto ainda temos a crescer?

Olha, nada tão monstruoso quanto pode parecer... Na verdade, basta que nos entreguemos um pouco mais, que sejamos mais flexíveis, menos endurecidos, menos cheios de certezas absolutas. Minha sugestão é que basta um pouco mais de espaço para o desconhecido e um tantinho de coragem para o grande susto que, por fim, coloca tudo em seu devido e mais perfeito lugar...

O poder da palavra e do silêncio

O poder da palavra e do silêncio
Conceição Trucom

Existem três tipos fundamentais de carma:
O pensamento, a palavra e a ação física visível.

A comunicação entre seres socialmente ativos se faz primordialmente pelo som, através da verbalização dos pensamentos. E a manifestação sonora - a palavra - é perceptível a todos que possam ouvi-la, mesmo que não compreendida devidamente quanto à essência esclarecedora, estando ausente a função cognitiva.

Como nem sempre verbalizamos exatamente o que sentimos e pensamos (na verdade nem sempre temos consciência do que sentimos e pensamos), a comunicação pode apresentar cargas vibracionais contraditórias, em dissonância com os princípios básicos da boa convivência. Nesse caso, a comunicação sonora se mescla à comunicação “silenciosa” das mentes, tornando o ambiente, principalmente para quem é sensível e percebe o invisível e inaudível, permeado das mais diversas vibrações, que se mesclam e confundem, causam intrigas, inseguranças e desconfianças.
Se entendermos que o ato de falar é também uma ação, bem como o pensar se trata de ação silenciosa, cabe a cada um de nós monitorarmos nosso poder de comunicação através da reflexão, da meditação, da respiração e do silêncio.
Todo cuidado é pouco: orai e vigiai seus pensamentos, palavras e atos.
Antes de falar, perceba-se, filtre, escute, respire e finalmente decida: falo ou silencio?

No xamanismo aprendi que antes da palavra, é necessário conferir poder construtivo à sua palavra. Não basta utilizar palavras de efeito positivo para alcançar efeitos positivos. Sem dúvida, palavras positivas atraem vibrações positivas. Porém, só existe um meio de carregar as palavras com bases sólidas para um futuro pacífico e feliz, para extrair delas seu potencial mágico e torná-la sagrada: é colocá-la na prática da verdade, é antes purificá-la.

A mentira não diminui o poder da palavra, ela só acaba com o poder de construção. Quando uma pessoa mente, e ela é descoberta, a sua palavra não vai mais surtir efeito, por mais lindas e poéticas que sejam as frases empregadas. A palavra para ser sagrada tem que ser acompanhada da conduta.
Cada vez que usamos a palavra para mentir, haverá uma redução do poder sagrado daquela palavra; mesmo quando a mentira não servirá para magoar alguém, ou como costumamos dizer: apenas uma mentirinha sem importância, conveniente.

Não se iluda! A escolha do que pensar e falar é sua, caso você não pratique o silêncio e o ato de filtrar o que passa em sua mente, você estará enfraquecendo o poder de construção e de metas vitoriosas.
Quando usamos a palavra para blasfemar, para julgar o próximo, para ironizar pessoas ou situações, damos péssimo uso à palavra.

Quando damos a palavra e não cumprimos, mesmo que seja para consigo (vou estudar, vou emagrecer, vou romper esta relação ...), ou para não estar presente em uma data ou local combinado, ou no cumprimento de prazos, ou mesmo que seja por esquecimento (nada acontece por acaso – esquecimento costuma ser ato falho), você enfraquece a sua ação construtiva.

Quando você pronuncia uma palavra dois fenômenos acontecem:

1. Seu cérebro acredita em você e fica registrado o compromisso. Portanto sinapses ficam em “espera” aguardando o cumprimento daquilo que foi dito. Neste caso, tanto a mentira como a procrastinação (adiamentos) são fortes causas para a perda de memória.

2. Há uma liberação da energia daquela palavra para o Universo. Como toda energia tem movimento (ondas), e como tudo o que você emite ao Universo, acaba voltando ao mesmo ponto, o padrão de vibração que vai, vem trazendo na volta vibrações semelhantes para quem as emitiu, como um bumerangue. Neste caso: semeou? A colheita acontecerá.


Sejamos, então, vigilantes das palavras que emitimos, compreendendo que, quando a palavra vale menos do que o silêncio, é preferível o silêncio. E se cada palavra emitida é uma energia, quanto menos falarmos desnecessariamente, mais energia, mais poder teremos ao pronunciá-la, compreendendo a sabedoria que também pode vir com o silêncio.

Portanto, meditar, refletir e estar em silêncio é um tipo PODEROSO de Exercício Cerebral.

De quem você é refém?


De quem você é refém?
Rosana Braga

Há alguns dias, tendo de tomar uma importante decisão no meu universo profissional, comecei a me sentir incomodada com algo, mas sem saber o que, exatamente. Sentia-me sem vontade de trabalhar, me dispersando por qualquer motivo, improdutiva. Resolvi me observar; queria descobrir o que estava me deixando irritadiça, como se estivesse contestando alguém ou alguma coisa.

Numa tarde, conversando com minha agente e amiga muito querida, a Claudinha, descobri! Enquanto contava sobre como vinha me sentindo nos últimos dias,
inclusive porque ela mesma dizia perceber que eu não estava dando o retorno de sempre, ‘a ficha caiu’: estava me sentindo refém!

Mergulhei neste sentimento... Refém de quê? De quem? A troco de quê? Quanto deveria ser pago pelo meu resgate, a fim de que eu me sentisse livre? Quem pagaria?

Segundo o Aurélio, ‘refém’ significa: “Pessoa importante que o inimigo mantém em seu poder para garantir uma promessa, um tratado, etc.”. Achei esta definição perfeita, formidável. Era exatamente isso que estava acontecendo. E fiquei pensando que a maioria de nós se torna refém de algum inimigo durante boa parte de nossa vida.

“Mas que inimigo? Não tenho inimigos!”, você poderia argumentar. E eu afirmo, com certeza, que se não estivermos atentos, teremos um inimigo em potencial muito mais perto do que imaginamos: uma parte de nós mesmos, seja em forma de pensamentos negativos, de crenças limitantes, de promessas ultrapassadas, de tratados que já não fazem sentido, ou simplesmente de desejos que não valem o preço do resgate.

Traduzindo melhor, esses inimigos podem ser escolhas que garantem aquisição de bens materiais – uma casa ou um carro, por exemplo; podem ser comportamentos para obtenção de fama ou reconhecimento de alguém ou a crença de que agindo de determinada forma seremos amados; a aceitação inconsciente da ilusão de que somos o que vestimos, o lugar onde freqüentamos, e assim por diante.

Claro... tudo isso tem sua importância, sem dúvida! Mas desde que você seja sempre o mentor de cada uma dessas crenças e afirmações. Desde que você seja comandante de suas ações, dirigente de seus passos e tutor de suas escolhas – cada uma delas – durante todos os dias de sua vida, lembrando que a sua verdade de hoje pode simplesmente se tornar uma mentira amanhã... e que isso, na maioria das vezes, se observarmos com os olhos do coração, não é de todo ruim.

Por fim, é bom começar a considerar que a partir do momento em que você age sem respeitar seus verdadeiros sentimentos, sem levar em conta sua missão, seus dons e seus valores, torna-se refém de si mesmo, torna-se seu próprio inimigo.

Abdica deliberadamente do seu direito de questionar o caminho que tem seguido e, se for o caso, mudar de idéia, de perceber que nada é garantia nesta vida, além da chance encantada de viver...

Deste modo, quando algo nos incomodar, que tal nos interrogarmos: quem disse que só existe esta saída? Quem disse que eu só poderei me sentir feliz deste jeito, neste lugar, com esta pessoa ou neste trabalho? Quem disse que eu tenho de ter isso ou aquilo? O que eu realmente quero? O que tenho feito para seguir a minha verdade, ainda que ela seja diferente da verdade de ontem? E, por fim, o que tenho feito para apostar diariamente naquilo em que eu genuinamente acredito?!?

Assim, estou certa de que valerá a pena pagar o preço do seu resgate. Sim, porque é você, sempre você, quem terá de pagá-lo. Afinal de contas, você é uma pessoa importante e não pode permitir que o inimigo – ainda que seja você mesmo – o mantenha em seu poder para garantir uma promessa, um tratado, etc. Se uma promessa se torna um cativeiro, é hora de pagar o preço por sua liberdade e retomar o caminho da felicidade, o seu caminho!

Férias: necessidade de descanso ou saudade de viver?


Férias: necessidade de descanso ou saudade de viver?
por Patricia Gebrim


Precisamos de pausas no dia-a-dia, sair da rotina, desfrutar de simples deleites, como ouvir boa música, brincar com o bichinho de estimação, papear com aquele velho amigo... Ao humanizar nosso cotidiano com uma vida de mais qualidade, não depositamos todas nossas esperanças de paz e descanso nas férias que duram apenas semanas.
O calor está ficando mais intenso, os dias mais azuis, o ano vai se arrastando em direção a mais um término. É nessa época que todos começam a enlouquecer, afinal, depois de tanto trabalho, sentem-se mais do que merecedores das tão desejadas férias de fim de ano!

Começa a correria para logo reservar um hotel, ou ao menos uma pousada, em uma praia bacana. E o estresse vai aumentando quando vamos nos dando conta de que já estamos atrasados, quando não conseguimos reservar vôos ou encontrar lugar no tão desejado hotel. O que era para ser um momento paradisíaco de descanso e tranquilidade, uma forma de nos compensarmos por um ano de trabalho e tanto esforço, acaba tornando-se uma luta, antes mesmo de acontecer.

Fico pensando em como andamos perdidos em meio às exigências do mundo moderno.

O nosso dia-a-dia virou uma batalha sem fim, tão exaustiva que nos deixa enlouquecidos a ponto de “vender a alma” por um assento em um avião ou um quarto em um resort bacana qualquer. Isso sem falar na angústia que muitos sentem ao pensar nas tais festas de fim de ano. Para alguns o Natal e o Revéillon são momentos de alegria, mas para muitos de nós são momentos em que temos a obrigação de estar felizes, de nos divertirmos, de ficarmos bem a qualquer custo.

Se acabasse por aí, não seria tão mal, mas o fato é que depois de todo esse esforço, um dia nos vemos confortavelmente sentados em uma espreguiçadeira ao lado da mais maravilhosa piscina, com um drink exótico nas mãos, em frente a uma maravilhosa praia de areias brancas, e tudo o que conseguimos sentir é...tédio!

De tanto correr em nosso dia-a-dia, acabamos viciados nessa agitação, o que nos rouba a possibilidade de aproveitar o tão merecido descanso à beira-mar. Não conseguimos simplesmente relaxar e desfrutar. Precisamos “fazer”, “fazer”, “fazer”.

O que anda acontecendo conosco?

Se continuarmos nesse ritmo, um dia olharemos no espelho e veremos que antenas despontam por entre nossos cabelos.

- Estamos nos transformando em robôs!

Não posso deixar de pensar em como seria se nos recusássemos a agir como se fôssemos peças dessa engrenagem. Se mesmo agora, em meio a nossas atividades cotidianas, preservássemos alguns prazeres simples que nos definem como seres humanos. Se “sentíssemos” mais as coisas simples da vida, parando de agir como máquinas fazedoras de coisas.

Se nos permitíssemos uma pausa no trabalho para um telefonema a um amigo querido. Se criássemos singelas ilhas de humanidade nesse cotidiano robotizado na direção do qual todos temos sido empurrados. Se nos atrevêssemos a prejudicar um pouquinho a nossa produtividade em troca de um momento de humanidade (será que nossa produtividade seria mesmo prejudicada?).

Se ao voltar do trabalho, ao invés de nos conectarmos imediatamente àquela outra máquina, chamada televisão, acendêssemos velas douradas em nossa casa (com segurança, é claro... não estou propondo nenhum incêndio!), colocássemos uma música bonita para tocar, tomássemos um banho com cheirinho de flores, brincássemos com um animalzinho de estimação, conversássemos com nossos parceiros, fizéssemos um pouquinho de carinho em nossos filhos, fechássemos os olhos e mergulhássemos na calma que existe em algum lugar lá dentro de nós.

Quem sabe assim nos sentíssemos vivos outra vez e não precisássemos desesperadamente de férias para nos dar uma sensação de vida ao menos uma vez ao ano.

Quando eu vejo todo esse caos nos aeroportos, os congestionamentos nas estradas nos feriados, essa loucura toda que vai se intensificando nesta época do ano, tento perceber qual pode ser o aprendizado escondido por trás desse panorama.

Eu sempre gosto de buscar o que pode estar por trás dos fatos... Por que isso está acontecendo? O que temos que aprender com isso?

Eu não estou negando que existam problemas reais que necessitam de soluções reais! Ok, é claro que muito precisa ser feito para que a crise aérea e do turismo possa ser minimizada.

No entanto, repito... por que estamos tendo que passar por isso?

Estamos enlouquecendo na mesma proporção em que os vôos atrasam, em que as estradas ficam apinhadas de carros?

Como podemos lidar com isso de forma diferente?

O que estamos buscando com tanta intensidade?

Repito. Penso que estamos em busca de “vida”. Precisamos desesperadamente nos sentir vivos, sentir que não somos máquinas fazedoras de dinheiro. E é como se só existisse vida fora de nossas rotinas, em momentos de férias ou de lazer. Sorte das agências de viagens, modernos "bancos de sangue"!

Esse, a meu ver é o engano a que todos estamos sendo levados a crer. Que trabalhamos para pagar por um pouquinho de sangue em nossas veias, por duas semaninhas de férias no final do ano, por três dias quando é feriado. Passamos meses mortos, agindo como robôs, para comprarmos momentinhos de vida em meio ao mar do Caribe, em alguma praia no Nordeste ou algo assim...

Quer saber? Estamos enganando a nós mesmos!

Enquanto não conseguirmos nos sentir vivos todos os dias, aqui e agora, não serão as férias que trarão o sangue de volta a nossas veias!

Experimente. Desligue a televisão, diminua o seu ritmo, abra espaço para mais trocas humanas. Perceba que a nossa vida já é uma maravilhosa viagem. Desfrute-a. Aqui. Agora.

O seu dia vai chegar!


O seu dia vai chegar!
Rosana Braga

A vida é mesmo incrível e imperdível! Os opostos e aparentemente contraditórios contêm em si sabedoria e verdade. Afirmo isso pensando justamente em dois ditados que, embora gramaticalmente se anulem, na prática do viver servem para nos mostrar o quanto é imprescindível apreender a cada instante para que, enfim, o grande dia chegue!

“Quem procura, acha!” e “Pare de procurar, e encontrará!”

É bem possível que essas duas sugestões já tenham funcionado com você. Mas também é muito provável que você se questione recorrentemente sobre como saber quando continuar procurando e quando parar de procurar?

A questão é que queremos certezas, e é bom partirmos da premissa de que certezas não combinam com vida, sucesso, realização, desejo, felicidade, amor ou qualquer uma dessas essencialidades humanas. Nesses casos, nesses tão extasiantes casos, haveremos de arriscar e apostar toda a imponderável imperfeição de uma alma em evolução, em todos os níveis - porque é o que temos, ou melhor, é o que somos!

Portanto, esteja você em busca de uma nova carreira, de um grande amor, de mais rendimentos financeiros, de um sentido maior para sua existência ou de um outro ritmo para tudo o que já existe, siga o fluxo, feito persistente e sábio rio, que confia e simplesmente se deixa levar até o lugar onde há de se tornar gigante.

Além de tornar o processo muito mais criativo e produtivo, você reconhecerá, a partir de escolhas cada vez mais íntegras e conscientes, que sabe bem menos do que supõe e, ainda assim, está bem mais perto do que acredita, especialmente quando consegue transformar a angústia da espera em conforto: o exercício de viver o que há para ser vivido e só.

E por tão belamente ter me permitido essa constatação – ainda que com medo de não conseguir – afirmo e exclamo: seu dia vai chegar! Mas não pense que de um nada que você faça, nem tampouco de um desespero com que possa vir a fazer. Sobretudo desvendando a direção, dia após dia, com cada um de seus tropeços e com cada arranhão decorrente de suas tão particulares e secretas quedas.

Porque este é o mapa, o indicador do caminho, a seta que lhe conduzirá ao que tanto você deseja, esteja à procura ou à espera, mas sempre, sempre, considerando que cada dia é parte indispensável e intransferível de sua chegada!

E fico torcendo para que você se sinta como eu me sinto – radiante! E que seja, por fim, como tão delicada e encantadoramente escreveu Eça de Queiroz:

“(...) sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante,onde cada hora tinha o seu encanto diferente,cada passo conduzia a um êxtase,e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!”

CARTA DE JOEL S. GOLDSMITH A SEU FILHO SAMMY



Trecho da carta de Joel S. Goldsmith, considerado o místico do século, ao seu filho Sammy, quando este se ausentou do lar, do Hawai, para cursar a universidade na América.

CARTA DE JOEL S. GOLDSMITH A SEU FILHO SAMMY

Ofereço-te aqui, Sammy, uma lição importante, não só para um dia, mas suficiente para toda tua existência, se a praticares fielmente-ainda que não recebesses nenhuma outra de mim ou de qualquer instrutor espiritual. Se a gravares no íntimo, ainda que ficasses só num deserto ou num barquinho, no meio do oceano, sem qualquer pessoa ou livro por perto, poderias sobreviver, encontrando salvação e segurança, alimento e vestuário, paz e tudo o mais que te fosse necessário.Quero revelar-te o segredo de minha felicidade, alegria , êxito, prosperidade e capacidade de servir a crianças e adultos ao redor do mundo inteiro, como sabes. Desejo que conheças este segredo, para que possas agir como eu.Em primeiro lugar, quando defrontares algum problema, seja de saúde, estudos, desentendimentos com os colegas ou mestres, retira-te a um lugar tranqüilo, senta-te com os pés no chão e mãos descansando nas coxas, fecha os olhos e lembra-te de que Deus está mais perto do que tua respiração: mais próximo do que teus pés e mãos. Ele está exatamente onde estiveres. Aquieta-te por um momento e Deus resolverá teu problema.Pode parecer estranho que não tenhas, pelo menos mentalmente, de expor teu caso a Deus, de não pedir-Lhe nada e nem fazeres qualquer afirmação.

No entanto, basta fechar os olhos, aquietar-te por um momento e saber que Deus está bem perto de ti: no centro de teu ser. Depois, sem ansiedade ou pressa, espera alguns minutos. O Espírito, Ele mesmo, se incumbirá de tudo. Se for um problema ou fórmula que não entendes, Ele te esclarecerá, como sucedeu uma vez aqui em casa, em que pediste ajuda em matemática: sentamo-nos e meditamos e quando voltaste ao livro, encontraste a resposta plena, como se a tivessem escrito ali para ti. Sempre que tiveres alguma dificuldade, pára o que estavas fazendo e conscientiza Deus exatamente ali onde estás, em teu íntimo. Espera alguns minutos e verás que Ele é a Inteligência de teu ser e sabe porque \O estás procurando. Não receies: de bom grado Ele sempre te responderá, se estiveres "ligado". Se Lhe perderes a sintonia, não poderás receber ajuda. Isto é compreensível. Digamos que estivesses aqui perto de mim, recebendo instrução espiritual. Se te distraísses, pensando em outra coisa ou saísses a passear, como poderia receber a lição que eu tinha a oferecer-te gostosamente?Como pai humano, bem gostaria de oferecer-te cada segredo espiritual que possuo, como dou dinheiro quando dele necessitas. Mas não lhos poderei dar, se não estiveres receptivo e atento.

A mesma coisa se dá em nossa relação com Deus: temos que dar-Lhe plena atenção, amor, obediência e gratidão. Não é propriamente amar um Deus que não vês, senão amá-Lo nos colegas e professores com quem convives. Ainda que Deus esteja em teu íntimo, só Lhe podes receber a graça se tiveres amor, júbilo e respeito, em tua mente, em teu coração e em tua alma.Cada pessoa é responsável por si mesma. Não há um Deus sentado no céu a olhar e julgar os que estão aqui em baixo. A Consciência divina está em nosso íntimo e sabe tudo o que pensamos, sentimos, falamos e fazemos, atraindo imediatamente de fora tudo o que mandamos para lá. Portanto, o amor e respeito que exprimes aos outros, logo os recebes de volta.Mas, tudo isto ainda é pouco. Mesmo que sejas humanamente bom em todos os sentidos, estás simplesmente cumprindo os Dez Mandamentos. Agora te estou instruindo a cumprir o Sermão da Montanha, pois o Caminho espiritual é uma revelação mais alta: diz que não precisas de falar com Deus, senão apenas reservar pequenos períodos, durante o dia e à noite, para ouvi-Lo dentro de ti. Mesmo que não ouças literalmente uma voz, ao abrir os ouvidos a Deus e silenciar por um minuto ou dois, permitir-me-ás encher o vácuo que formaste internamente.

Atenta bem para o que deves fazer, para formar este vazio expectante: logo ao acordar senta-te confortavelmente, pés no chão, braços apoiados relaxadamente nas coxas, olhos fechados, sintonizando o Cristo interno em silêncio, escutando o íntimo por alguns minutos. Em seguida, lembra-te de que o dia que se estende diante de ti será governado e protegido por Deus. Serás então mantido e inspirado por Ele, porque abriste, anelante e conscientemente, tua consciência à Presença e Direção de Deus. Mas se não fizeres cada manhã, fielmente, teu contato com Deus, o teu encontro com o mundo será como de um ser humano comum, sujeito a todas as surpresas e desencontros da vida, sem a assistência divina.Em tua idade atual, com o preparo que já recebeste aqui, estás apto a quatro pequenos exercícios diários: de manhã cedo, ao meio-dia, ao anoitecer e antes de dormir. Sentado, relaxado e quieto, podes dedicar dois minutos de cada vez a Deus. Inicialmente, Para facilitar, podes mentalmente dizer: "Aqui estou, Pai. Fala que teu filho escuta. Desejo fazer a Tua vontade". Em seguida, aquieta-te. Se fores fiel nesta prática, garanto que tua vida na universidade e de modo geral, será um sucesso e ainda mais do que isso: uma bênção. Estarás preparando os fundamentos para uma vida inteiramente governada por Deus.Procure estar em harmonia com teus colegas em tudo que seja bom. Se te convidarem a cerimônias religiosas, sugiro que os acompanhes. Entra em cada templo com a mente aberta, agradecendo à oportunidade de aquietar e ouvir a "pequenina e silenciosa voz".

Não te esqueças de que a sintonia com Deus é mais importante que o ritual. A união com os colegas no que seja construtivo suscita o bem, embora o verdadeiro bem te venha porque reconheces a graça e a glória de Deus em tudo e em todos.A coisa mais importante que desejo sublinhar-te é que, em qualquer instante do dia ou da noite, Deus é instantaneamente acessível. Basta que O sintonizes e ouças. Enfatizo este ponto para que compreendas que não precisas falar, de fazer afirmações ou lembrar a Deus tuas necessidades. O segredo que recebi é que Deus, como Inteligência infinita, já conhece tuas necessidades, antes mesmo de Lhas pedires. Ele vê nosso íntimo quando Lho abrimos em atitude receptiva e confiante. Não é por nosso falar ou pensar, pois o Mestre ensinou: "não vos preocupeis por vossa vida, pelo que tendes de comer: nem por vosso corpo, pelo que tendes de vestir. Vosso Pai sabe que necessitais destas coisas. É do bom agrado dEle dar-vos todas elas".Compreendes, Sammy?É do agrado do Pai dar-te o Reino! Deus não te castiga quando te arrependes sinceramente do erro ou pecado que acaso cometas. No instante em que reconheces que não agiste bem, estás perdoado. Não carregarás a penalidade quando em teu coração vibra o reconhecimento do mal que fizeste e te arrependeres. Mas deves compreender que ao reconhecer as falhas, não deves repeti-las. Caso contrário, perderás a sintonia com a graça divina. Tu mesmo é que te cortas dela. Quando isto acontecer, procura reatar com a graça, reconhecendo verdadeiramente: "Sei que errei!" Ou talvez: "Não sei se agi erradamente, mas se o fiz, ajuda-me a compreender e limpa isto de mim, Pai. Não tive má intenção. Não quero fazer o mal. Ao contrário, desejo fazer aos outros o que gostaria que me fizessem".

Dessa maneira te purificas. Tenho-me curado de diversas enfermidades, pedindo simplesmente a Deus perdão por meus pecados. É claro que meus pecados não são graves. Conheces nosso modo de viver. Mas sempre que cedemos à crítica e condenação, não estamos amando e perdoando suficientemente. Assim, é recomendável que nos voltemos de vez em quando e digamos: "Reconheço, Pai, que não estou agindo perfeitamente. Perdoa meus pecados. Limpa as minhas transgressões, para eu começar tudo de novo".Grava bem, Sammy, a mais importante lição que me foi dada: "que o lugar em que estás é solo santo", ou seja, Deus está exatamente onde estás, disponível, no instante em que páras de pensar, de falar e de te identificar com as coisas externas, e te voltas ao íntimo, reconhecendo-Lhe o Poder e a graça. Conscientiza o Espírito de Deus em ti e, em seguida, relaxa-te por um ou dois minutos, deixando que Ele Se manifeste. Isto é tudo. Todo o nosso propósito é de levar as pessoas à realização da onipresença de Deus e sua constante disponibilidade; de nos dirigir a Ele sem pensamento nem palavras: basta a humildade de sentar-nos (ou mesmo em pé ou deitado), fechar os olhos e reconhecer: "Eu, de mim mesmo, nada posso. O Pai, em mim, é Quem faz as obras. Fala, Senhor, que teu filho escuta". Em seguida, aguardar um ou dois minutos em silêncio expectante, antes de levantar e prosseguir as tarefas. Se aprenderes a praticar corretamente este exercício quatro vezes ao dia, como lhe estou sugerindo, não demorará muito para que o faças mais vezes ao dia, para teu inteiro benefício.