Além do horizonte, existem outros mundos a serem descobertos.
Lá, folhas não caem, elas flutuam.
Lá, o meio de transporte são pássaros que vem até você e com o suspiro de seu amor, neste mundo todos andam de mãos dadas lá é aonde a harmonia toma conta da natureza de todas as espécies viventes.
Lá, não colhemos flores, mas as flores colhem a gente.
Chegou o tempo de despertar e acreditar que esta vida vale apena ser vivida.
-Rhenan Carvalho-

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Ser livre

Sou livre. Livre como o vento que balança as árvores, atravessa os mares e levanta a poeira deixada pelos cantos. Livre como um cigano que ao som da carroça, ruma para outro local com apenas lembranças de tudo que viveu até ali. Guardadas em seu peito só por carinho, pois a liberdade fala mais alto e é preciso seguir em frente. Sou livre como a dança, que mesmo com passos marcados, encontra brechas para extravasar e fazer novos movimentos inesperados. Livre como a mudança, acontecendo sem aviso prévio, gerando o sorriso de muitos, raiva de alguns e tristeza de outros tantos.
Liberdade sem e com responsabilidade, cometendo erros e pagando por eles com prazer, muito obrigado. Liberdade de um choro contido por tanto dentro do peito. Liberdade de uma estrada longa, sem destino exato. Fazendo curvas para o grande oceano e outras vezes para um grande abismo, onde o carro explode e se desfaz em pedaços. Esta ai o bom de não ser um carro, posso me erguer do abismo e juntar meus pedaços, aos poucos. Como já fiz muitas vezes e não tenho garantia nenhuma que não farei de novo, talvez até num abismo mais fundo.
Liberdade essa também que foi conquistada depois de muito apanhar, e entendida depois de muita bronca da vida. Foi preciso muito tempo para entender que não se deve agradar ninguém, além de si mesmo, que não há valor nenhum nos sorrisos dos outros para as suas atitudes, se você não sorri junto e compartilha aquela aprovação.
Claro que seria maravilhoso ser feliz e ainda assim agradar à todos da mesma maneira, mas não dá, pois ser feliz é ser livre e ser livre nem sempre implica agradar à todos, então quando percebemos, estamos em um prisão onde o importante é o que os outros estão pensando de você e daí já não existe mais o ser livre.
Não se é mais livre pra soprar sobre o oceano, pois não vai ser agradável para quem está em alto mar. Não se poderá mudar, pois alguém ficará com raiva ou triste. E aos poucos você se encontra sentado no canto da cela, tentando encontrar um jeito de deixar todos felizes.
Não é egoísmo, não é falta de respeito, pois ser livre não implica nada disso. Ser livre implica estar feliz com as suas escolhas e consigo mesmo. Muitos se afastarão, pois na verdade queriam ter a coragem de quebrar as portas da cela de sua prisão, mas haverá os que ficarão em seu caminho sem pensar duas vezes, deixando que sua liberdade corra solta.
Ser livre é dançar com a felicidade e poder parar quando quiser. Mas não são todos que tem essa coragem, esse entendimento. Muitos só conhecem a liberdade quando se tornam uma energia sutil, que não habita mais esse plano. Habita um plano onde ele ou ela possa sim ser vento, ser cigano, ser dança e mudança. Simplesmente pela vontade de ser feliz.


Zaira da Luz

domingo, 18 de janeiro de 2015

Recomeçar do zero

Você já quis ter uma borracha especial para apagar algo que fez, que aconteceu, algo que doeu tão fundo ou teve conseqüências tão graves que você daria tudo para voltar atrás e recomeçar?
  
Há muitos que dariam tudo na vida para recomeçar do zero, ter uma nova oportunidade para agir diferente, tomar outras decisões, fazer diferentes escolhas. E eu sei que muita gente já recomeçou uma nova vida, já deu uma volta importante que fez com que os caminhos mudassem de direção e isso sempre é possível.

Mas não é possível recomeçar do zero. Recomeçar do zero não existe! Não existe fingir que não houve um passado e não estar ligado a ele de alguma forma. Não existe zerar o coração, nem as emoções, mesmo se passássemos nosso tempo voltando os ponteiros do relógio.

A verdade é que se pudéssemos recomeçar do zero, numa amnésia existencial, cometeríamos erros novamente, choraríamos de novo... porque não traríamos conosco essa carga de experiência que carregamos hoje, que às vezes até pesa, mas é nossa e isso não podemos negar, nem renunciar.

E é melhor assim: acreditar que tudo o que fizemos valeu de alguma forma. Erramos? Sim, e daí? Aquilo que reconhecemos como erro não faremos novamente e cada vez que tropeçamos e aprendemos com isso, colocamos algo mais na nossa bagagem da vida.

Lamentar por algo que não se teve? Que perda de tempo! As lamentações pelo que não fizemos não acrescentam nada na nossa vida. Precisamos viver de coisas concretas, do que realizamos, do que tivemos, mesmo se as perdemos.
Quem nos julga deveria julgar-se primeiro.

Ninguém é de todo bom e de todo mau. Não existem pessoas melhores que as outras, apenas as que ainda querem aprender e as que já perderam a esperança. Quem não chora por fora, chora por dentro, a diferença é que nesse caso ninguém percebe.

É possível recomeçar a vida, com novas ambições, fazer do velho, o novo e com uma grande vantagem: dessa vez existirão os parâmetros de comparação, as chances serão maiores de tomar decisões acertadas.

Então, acredite: tudo o que você viveu até agora valeu a pena porque é dessa vivência que você tira seu aprendizado.
Se você tem 30, 50 ou 80 anos, você pode fazer sua vida diferente ainda, você pode olhar o mundo com olhos novos.

Deus não condena ninguém. São as pessoas mesmas que se condenam quando cruzam os braços, imobilizam as pernas e colocam uma venda nos olhos.

A vida continua, mesmo se muitos desistem. E ela é muito mais rica para aqueles que abrem os braços ao futuro, dão as mãos ao passado e recomeçam. Essas pessoas jamais se sentirão sozinhas. 

Letícia Thompson

Uma maneira muito especial

Você costuma dizer a seu filho que o ama? Ou você é daqueles pais que têm dificuldade com a frase: Amo você?

Esta é a história de um homem. Em verdade, de um pai e um filho.

O homem era apaixonado por caixas. Grandes, pequenas, médias. Caixas altas, baixas. Caixas redondas. Quadradas, retangulares.

O filho amava intensamente o pai. E o pai amava intensamente o filho.

Mas ele não conseguia dizer ao filho que o amava.

Por isso, pensou em uma maneira especial de se comunicar com ele, dizendo dos seus sentimentos. Começou a construir coisas para ele.

Com várias caixas de tamanhos diferentes, ele fez um castelo. E que castelo!

Também construiu um avião. Lindo, imitando um 14-Bis, aquele mesmo com o qual Santos Dumont voou ao redor da torre Eiffel, em Paris. E voava muito bem.

Só a chuva impedia os voos maravilhosos do avião de papelão. Esse era um problema que, algum dia, aquele pai iria resolver.

Quando os amigos do filho apareciam, caixas de todos os tamanhos também apareciam, para o deslumbramento da garotada.

Logo, elas se transformavam em casas, torres, castelos, cidades. Também chapéus, armários e pontes.

E o pai continuava a recolher caixas, onde quer que fosse: no supermercado, na loja de eletrodomésticos, no shopping.

A maioria das pessoas achava que o homem era muito estranho. Principalmente, quando ele descia o morro com o filho, dentro de um carrinho feito com a caixa que trouxera a geladeira nova.

Os idosos apontavam para ele. As senhoras o olhavam zangadas.

Os vizinhos, quando o viam no quintal, às voltas com caixas e mais caixas, riam dele.

Nem se davam conta de que uma caixa se transformara em casa de passarinhos, na grande árvore em frente ao portão. E que outra, zelosamente, guardava o alpiste para alimentar a passarada.

O homem, no entanto, não se preocupava com os comentários e os risos de ninguém porque empinando papagaio, montando castelos, inventando mil coisas com as caixas, ele descobrira uma fórmula especial de compartilhar horas de lazer com o filho.

E mais do que tudo, carregando o filho nos ombros morro abaixo e morro acima, na manhã de sol ou no cair da tarde, ele aprendera uma maneira particular de compartilhar o amor de um pelo outro.


Extravasemos nossos sentimentos, demonstrando a nossos filhos que os amamos.

Permitamos que percebam o quanto eles significam para os nossos corações.

Se nossos braços estiverem começando a apresentar sinais de ferrugem, lubrifiquemo-los com o óleo de muitos abraços.

E se nossa voz anda um tanto preguiçosa para as palavras Amo você, façamos como o pai da história e criemos situações que nos permitam estar com nossos filhos, para as sadias brincadeiras da infância.

Afinal, tudo é uma questão de vontade, esforço e aprendizado.


Redação do Momento Espírita, com base no livro O homem que amava caixas, de autoria de Stephen Michael King, ed. Brinque Book.

Tempo

Dizem que a vida é curta, mas não é verdade. A vida é longa para quem consegue viver pequenas felicidades.
​E essa tal felicidade anda por aí, disfarçada, como uma criança tranq​uila brincando de esconde-​esconde.
Infelizmente às vezes não percebemos isso e passamos nossa existência colecionando ‘NÃO’: a viagem que não fizemos, o presente que não demos, a festa que não fomos, o amor que não vivemos, o perfume que não sentimos.
A vida é mais emocionante quando se é ator e não expectador, quando se é piloto e não passageiro, pássaro e não paisagem, cavaleiro e não montaria. E como ela é feita de instantes, não pode nem deve ser medida em anos ou meses, mas em minutos e segundos.

Esta mensagem é um tributo ao tempo. Tanto aquele tempo que você soube aproveitar no passado quanto aquele tempo que você não vai desperdiçar no futuro. Porque a vida é agora.
​Não  tenha medo do futuro, apenas lute e se esforce ao máximo para que ele seja do jeito que você sempre desejou. A morte não é a maior perda da vida.
​A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos.


Dalai Lama

O mistério da vocação

É preciso que cada ser aja no mundo como se tivesse consciência de ter sido escolhido para uma tarefa que é o único que pode cumprir.

A partir do momento em que ele a descobre e começa a consagrar-se a ela, lhe parece que Deus está com ele e vela por ele.

Está pleno de confiança e alegria, perde o sentimento de estar abandonado e é libertado de toda dúvida e angústia, esta unido à obra da criação.

Todos os seus pecados são perdoados. Ele não tem mais passado e renasce a cada manhã.

Vive no encantamento, fraco e pecador como é, de ter sido convocado a uma ação que o ultrapassa e para a qual ele recebe sempre novas forças e experimenta sempre um novo cuidado.

Tal é o mistério da vocação que produz no indivíduo, a partir do momento em que ele a percebe uma emoção incomparável: aquela de não estar mais perdido no universo, mas de ocupar nele um lugar de eleição, de ser sustentado por ele e de sustentá-lo e de descobrir sempre um acordo entre suas próprias necessidades e o socorro que ele não pára de receber, entre o que ele deseja ou o que ele espera e a revelação que lhe é feita.

Louis Lavelle

Uma hora misteriosa e propícia

“Há na vida momentos privilegiados nos quais parece que o Universo se ilumina, que nossa vida nos revela sua significação, que nós queremos o destino mesmo que nos coube, como se nós próprios o tivéssemos escolhido. Depois o Universo volta a fechar-se, tornamo-nos novamente solitários e miseráveis, já não caminhamos senão tateando por um caminho obscuro onde tudo se torna obstáculo a nossos passos. A sabedoria consiste em conservar a lembrança desses momentos fugidios, em saber faze-los reviver, em fazer deles a trama da nossa existência cotidiana e, por assim dizer, a morada habitual do nosso espírito.”

Louis Lavelle, Da Intimidade Espiritual, 1955