Além do horizonte, existem outros mundos a serem descobertos.
Lá, folhas não caem, elas flutuam.
Lá, o meio de transporte são pássaros que vem até você e com o suspiro de seu amor, neste mundo todos andam de mãos dadas lá é aonde a harmonia toma conta da natureza de todas as espécies viventes.
Lá, não colhemos flores, mas as flores colhem a gente.
Chegou o tempo de despertar e acreditar que esta vida vale apena ser vivida.
-Rhenan Carvalho-

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Vida meia boca

"Toda a existência envolve sofrimento.
Todo sofrimento é causado pelos nossos desejos e apetites".
 Estamos vivendo tempos onde a gente está insatisfeito, mas não sabe com o que anda insatisfeito, e assim, procuramos encontrar paz e felicidade nos outros, nas coisas, nos bens materiais, nas novenas e peregrinações religiosas, nos amores que se sucedem, nos amigos que cobramos cada vez mais a presença, e não encontramos satisfação.
 Se pudessemos resumir tudo em um único objeto, diria que todos nós estamos precisando de "muletas". Estamos vivendo os tempos das muletas, e cada pessoa que vive apertado pela sociedade, anda vivendo uma vida "meia boca", trabalhando para pagar contas que não param de chegar. Não tá fácil não, estamos nos submetendo aos comerciais da tv e quando vamos ver, estamos cheios de tranqueiras embaixo da cama, em cima do guarda roupa, nos fundos dos armários, coisas que compramos e nem sabemos usar, aparelhos que não servem para nada, CD´s que só tem uma música interessante e que já esquecemos de ouvir, DVD´s que assistimos pela metade, revistas que chegam e mal temos tempo de ler, jornais que amarelam na nossa porta dentro dos saquinhos, comidas que estragam na geladeira...ufa!, viver em tempos modernos não é fácil.
Mas, e você? Quem é você hoje? O que te faz feliz? Você se faz feliz? Você se basta? Qual é a sua muleta? Um cigarro, uma dose de whisky, um homem, uma mulher? Qual é a razão da sua dor, da sua infelicidade? Você já experimentou ficar a sós com você? Experimente!
Desligue-se do mundo, dos cartões, dos mercados e lojas em promoção, experimente andar descalço, experimente trocar o uniforme de sempre, e principalmente; experimente sorrir sem medo de ser feliz. Podem te roubar tudo, o nome limpo, a paz interior, o companheiro ou companheira, o emprego, a vaga na escola e até aquele parente querido, mas ninguém pode roubar a sua capacidade de mudar tudo ainda hoje, bastando apenas uma decisão, e essa decisão só depende de você: eu quero e vou ser feliz!
Pronto, a mudança começa agora, a mágica aparece nesse instante, nesse exato momento em que você acorda e se dá conta de como você é importante e pode fazer muito mais do que lamentar-se. Desperte, sorria e viva o novo e único dia em que tudo pode mudar: hoje.

Paulo Roberto Gaefke

Gente com defeito?


Essa ideia de pessoas com defeitos tem alguns defeitos. Um deles está em considerar que Deus criou coisas defeituosas ou que podem apresentar defeito. Outro defeito é tratar-se, com nosso estrabismo ou miopia habitual, de um incentivo a enxergarmos e apontarmos defeitos nos outros. Em geral, nosso ego adere a esse tipo de atitude muito facilmente, bem como a tudo o que o engrandeça e destaque.

Mas vamos, apenas e exclusivamente neste texto, chamar de defeitos aquilo que nos incomoda ou desagrada em outras pessoas, razão pela qual os desaprovamos. Isso é bem genérico. E não é difícil... Vamos lá! Nesse sentido, podemos dizer que todo mundo tem "defeitos".

Olhando bem, logo notamos que alguns "defeitos" e "pessoas" são mais difíceis pra nós, pois nos incomodam mais. No entanto, também notamos que está cheio de gente com defeitos que não nos afetam! A questão, portanto, não é o defeito do outro, mas, sim, como e por que aquilo nos afeta.

Comecei a pensar sobre isso. Fui procurar me entender, a partir dessas minhas reações, tentar me conhecer melhor. Afinal, sou espírita, logo, acredito em evoluir pra me tornar um ser melhor. Tanto eu, quanto os outros. E acredito no autoconhecimento como um caminho importante na evolução.

Notei que certos “defeitos” me afetavam quando surgiam em pessoas próximas a mim, em relação às quais nutria certas expectativas. Tais expectativas costumam ter fundamento? Em alguns casos. Se certa mãe que devia cuidar do filho pequeno não consegue suprir as necessidades dele, poderíamos dizer que o incômodo tem uma base, desde que há uma expectativa legítima de que mães acalentem e cuidem de seus filhos. Mas é preciso considerar que não existe apenas isso, pois há também a condição material, mental e emocional da mãe, de atender a essas necessidades ou não, e pode haver um motivo específico que explique seu comportamento. Seres humanos têm desafios complexos e se complicam emocionalmente, iludem-se com prioridades fictícias, adoecem, perdem empregos...

Pensando assim, também passei a focar nas virtudes e qualidades que antes estavam ocultas na pessoa, sob aquele pretenso “defeito” que até então me incomodava tanto. E vi que lá estava aquela criatura, exercitando essas qualidades e se desenvolvendo, segundo sua possibilidade e compreensão da vida.

Assim, comecei a ter um olhar mais positivo, que os budistas talvez chamassem de “compassivo”. Isso não implica fechar os olhos, mas olhar de outra maneira. Isso também não faz nossa dificuldade passar e tudo ficar instantaneamente maravilhoso. Mas melhora bem a possibilidade de compreensão e convivência.

Não vou dizer aqui que costumamos enxergar nos outros aquilo que não conseguimos ver em nós mesmos, porque é um fato que já comprovei e uma abordagem já muito batida. Mas até nesse sentido, enxergar no outro o que precisamos descobrir em nós é uma sabedoria das Leis Divinas e uma providência educativa.

A inteligência emocional, a percepção de como estamos nos sentindo, é algo muito valioso, para lidar com tais questões de maneira mais sensata possível. Como observa Eckhart Tolle em “O Poder do Silêncio” (Ed. Sextante): “Reclamar e reagir são as formas preferidas da mente para fortalecer o ego. O eu autocentrado precisa do conflito para fortalecer sua identidade. Ao lutar contra algo ou alguém, ele demonstra pra si mesmo que ‘isto sou eu’ e ‘aquilo não sou eu’. É comum que países procurem fortalecer sua sensação de identidade coletiva colocando-se em oposição aos seus inimigos.” Pode ser, então, que atribuir defeitos seja mais um modo de nos afirmarmos – e simplesmente isto! Os defeitos, então, estão na nossa visão egocentrada e não na pessoa, considerada como essencialmente uma criatura divina em vias de progresso espiritual, seguindo sua trajetória e fazendo uso de seu livre-arbítrio.

Além do mais, o conceito de “defeito” que adotamos para este texto, pode perfeitamente aplicar-se a nós mesmos. Nossas atitudes, hábitos e idiossincrasias podem andar desagradando pessoas por aí. Algumas ou muitas. Então, é melhor evitar radicalismos e expandir a compreensão. Reclamações, ações extremadas às vezes são infelizes, tanto em si mesmas quando nos resultados que ocasionam. Diz Emmanuel em “Seara dos Médiuns” (FEB), “olvidemos os defeitos do próximo, na certeza de que todos nos encontramos sob o malho das horas, na bigorna da experiência.”
  
por Rita Foelker

Conhecimento ou Sabedoria?


Quero relatar uma estória que ilustra com clareza esta diferença:

“Dois discípulos procuraram um mestre para saber a diferença entre Conhecimento e Sabedoria.
O mestre disse-lhes:
- Amanhã, bem cedo, coloquem dentro dos sapatos vinte grãos de feijão, dez em cada pé. Subam, em seguida, a montanha que se encontra junto a esta aldeia, até o ponto mais elevado, com os grãos dentro dos sapatos.

No dia seguinte os jovens discípulos começaram a subir o monte. Lá pela metade um deles estava padecendo de grande sofrimento: seus pés estavam doloridos e ele reclamava muito. O outro subia naturalmente a montanha.
Quando chegaram ao topo um estava com o semblante marcado pela dor; o outro, sorridente.
Então, o que mais sofreu durante a subida perguntou ao colega:
- Como você conseguiu realizar a tarefa do mestre com alegria, enquanto para mim foi uma verdadeira tortura?

O companheiro respondeu:
- Meu caro colega, ontem à noite cozinhei os vinte grãos de feijão”.
Em princípio, conhecer e saber podem ser confundidos, muitas vezes aplicados como sinônimos, mas são coisas bem distintas. Se prestarmos atenção, podemos verificar que a diferença é clara e visível.
O conhecimento é o somatório das informações que adquirimos. É a base daquilo que chamamos de Cultura.

A sabedoria pressupõe não só ter o conhecimento, mas também saber como utilizar esse conhecimento, não só em ocasiões especiais, mas em todos os fatos da vida.  Saber não é apenas Ter o conhecimento, mas é Ser o conhecimento.

A sabedoria é saber usar o “Dom Interior “que cada pessoa carrega dentro de si. É possível alguém adquirir um arsenal de conhecimento, contudo, não ser sábio. Sabedoria é o uso que a pessoa dá ao conhecimento.

Para se ser sábio é preciso viver, experimentar, ousar, ponderar, amar, respeitar, ver e ouvir a própria vida.
É preciso buscar, sim, o conhecimento, a informação e a cultura, mas também se deve ter a coragem de experimentar a vida, o amor e o compartilhar. Deve-se atentar para não se tornar alguém fechado em si mesmo e no próprio processo de aprendizado. Fazer isso é o mesmo que iniciar uma viagem e se encantar tanto com a estrada a ponto de se esquecer para onde se está indo. E isso não parece ser uma atitude muito sábia. Então, sejamos sábios: vivamos, amemos e compartilhemos o que há em nossos corações!

E que saibamos cozinhar nossos feijões em nossa vida!!!

"O conhecimento é o processo de acumular dados; a sabedoria reside na sua simplificação."
 (Martin H. Fischer).