Khalil Gibran, em um de seus belos e inspirados textos,
fala-nos de um córrego, e do que ele lhe contou sobre os segredos da vida.
Caminhava eu no vale, quando irrompeu a alvorada,
proclamando o mistério de um mundo imortal.
E um córrego que fluía em seu leito, começou a cantar e
dizer:
A vida não está no bem-estar. Ela é objetivo e labor.
A morte não consiste em morrer. Morte é a desesperança e
a enfermidade.
O sábio não é sábio pelas palavras, mas pelo que se
oculta nas palavras.
Glorioso não é aquele que ocupa altas posições. A glória
pertence àquele que renuncia ao poder.
E o nobre não o é pelos seus antepassados. Muitos nobres
foram vítimas de seus antepassados.
O oprimido não é aquele que tem as mãos acorrentadas. Uma
corrente pode ser um adorno mais lindo que um colar.
O paraíso não está nas recompensas recebidas. No coração
sereno, encontra-se o paraíso.
O inferno não é o castigo infligido. Inferno é o coração
vazio.
A riqueza não é o dinheiro acumulado. Muitos indigentes
são mais ricos que os ricos.
Ser pobre não é motivo de humilhação. A fortuna deste
mundo é um alimento e uma veste.
A beleza não é o que refletem os semblantes, mas, sim, a
luz que ilumina os corações.
Foi isto o que disse aquele córrego, às rochas que
guarnecem suas beiras.
* * *
A felicidade que nos é possível viver neste mundo está
nessas descobertas que vamos fazendo ao longo do caminho.
Os poetas conseguem interpretar os córregos e, se ainda
não podemos realizar tal mister, a vida faz-nos encontrar tais revelações de
outras formas.
A vida está sempre nos ensinando algo: seja numa conversa
com alguém mais experiente, seja numa palestra que ouvimos ou numa breve
mensagem no rádio convidando-nos a refletir.
É por esta razão que precisamos estar atentos e
receptivos ao que o universo está tentando nos mostrar com esse ou aquele
acontecimento; com essa ou aquela lição; com um sofrimento ou com uma alegria.
Livros primorosos foram escritos para que encontrássemos
ali as respostas que buscamos.
Espíritos elevados voltam à Terra para mostrar o caminho
dos dias melhores que nos esperam.
Oradores e pensadores, intermediários entre os mundos
superiores e o nosso, vêm, em livros, palavras e atos, revelar verdades que
visam nos libertar de tantos atavismos, de tantos vícios.
Dessa forma, mesmo ainda não podendo ouvir os córregos,
já podemos encontrar muitas maneiras de seguir por sendas mais seguras e
certas.
E elas estão muito mais próximas do que imaginamos.
Prestemos atenção. Permitamo-nos as descobertas valiosas
que somente nos engrandecerão o intelecto e a moral.
Estejamos atentos.
Redação do Momento Espírita, com base no capítulo
O que dizia o córrego, de Khalil Gibran, do livro Curiosidades e
belezas, ed. Agigi.
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