Pode parecer estranho dizer
isso, mas a dor também pode ser a solução e cura para muitas das nossas
dificuldades e doenças.
Ninguém gosta de senti-la, mas
poucos se dão conta de que a escolheram sentir.
Nós nos afastamos quando
sentimos dor. Não gostamos de olhar para ela. Raramente cuidamos dela, e tão
pouco aceitamos a existência dela em nossa vida.
A dor pode se expressar de
várias maneiras em nós, através do nosso corpo físico e também através das
nossas emoções. A dor física, é aquela dor de um machucado, de uma ferida no
corpo, uma dor que incomoda mas que pode ser passageira. Muitas vezes um
simples curativo ou analgésico a faz ir embora. Já a dor emocional vem de uma
ferida no coração, e para este ferimento o tratamento é mais longo. Essa dor é
mais persistente e resistente, e nos causa um profundo desconforto que parece
nos corromper gradualmente.
A maioria de nós se preocupa
muito mais em tratar as dores físicas que as dores emocionais.
O corpo físico é um indicativo
de onde pode estar vindo essa dor. E o emocional? Quantos de nós paramos a
correria do dia-a-dia para tratar nosso emocional? Será mesmo que essa dor pode
esperar só porque não está tão visível? Se não olha para a dor, ela vai
aumentar porque precisa ser vista, precisa ser tratada. E de que forma ela
aumenta? Através dos nossos conflitos, internos e externos. Geralmente só
quando estamos no caos, é que enfim damos atenção a essa pobre dor emocional.
Alguns de nós só olhamos para a dor emocional quando ela se transforma em
física.
A dor emocional é a maior
prova de que temos um coração, e que podemos amar, que podemos e devemos sentir
nossas emoções. Devemos sentir para saber de onde vem essa dor, só assim
podemos trata-la. Quando fingimos não sentir dor, ou quando a rejeitamos, o
nosso corpo acolhe ela para nós, e depois de um tempo, padece, adoece e sofre.
Pronto! Agora além da dor emocional, demos lugar para mais uma dor, a física.
Sabe aquela raiva que julgamos
ser “feio” sentir? Nosso fígado vai sentir por nós. Sabe aquilo que devíamos
ter falado naquele momento e não falamos? Nossa garganta também vai nos ajudar
a guardar aquilo por mais algum tempo, até quando ela não aguentar mais e
adoecer também.
Sim, tudo o que rejeitamos
nosso corpo acolhe por nós, nos protege do que ainda não conseguimos lidar,
olhar e resolver. Mas até quando ele consegue fazer isso por nós? Até o limite
dele. Muitas pessoas deixam o corpo chegar em seu limite pelo simples fato de
não aceitar ou não querer olhar para o que está por traz da dor.
Intensificamos nossa dor
remoendo mágoas, alimentando medos, tristezas e raivas. Aceitar algo que nos
incomoda, sem medo de expor nossos sentimentos é uma forma de olhar para nossa
dor emocional, acolher e nos libertar dela.
Só você pode curar sua dor, é
inútil achar que o outro vai te livrar do sofrimento. É você quem escolhe as
relações que quer estabelecer com as pessoas, é você quem escolhe as
experiências que precisa ter na vida. Então em vez de culpar o outro pelo seu
sofrimento, olhe para si mesmo e se ajude.
Você tem recursos em você e na
sua vida que podem te ajudar a superar toda e qualquer tipo de dor emocional.
Esteja com os familiares, amigos, medite, pratique esportes, faça terapias,
ouça músicas alegres, dance, brinque, esteja em contato com a natureza, esteja
em contato com o seu coração, esteja com você.
A função da dor é sinalizar algo em nosso
caminho. É um alerta de que algo não está bem. Quando não olhamos e nem
percebemos “as placas de sinalização”, podemos errar o caminho. A experiência
da dor pode definir nossos caminhos. Muitas vezes escolhemos o caminho da
dor...e se nos atentarmos ao percurso todo, podemos encontrar algum atalho para
o caminho do amor. Quando entendemos o papel da dor em nosso caminho, ela se
torna desnecessária.
Autora: Cristiane P. Cappa