Além do horizonte, existem outros mundos a serem descobertos.
Lá, folhas não caem, elas flutuam.
Lá, o meio de transporte são pássaros que vem até você e com o suspiro de seu amor, neste mundo todos andam de mãos dadas lá é aonde a harmonia toma conta da natureza de todas as espécies viventes.
Lá, não colhemos flores, mas as flores colhem a gente.
Chegou o tempo de despertar e acreditar que esta vida vale apena ser vivida.
-Rhenan Carvalho-

domingo, 28 de novembro de 2010

Mestres do perdão

Eram duas crianças a brincar. Amigos. Vizinhos. Um desfrutava de privilegiada situação social. Toda novidade em matéria de brinquedos lhe chegava, de forma rápida, às mãos.

O outro era o amigo que, por conta justamente da amizade, desfrutava com alegria desses pequenos prazeres da infância.

Naquele dia, a novidade era um trem. Nada sofisticado. Mas um trem de cores vivas que, nas mãos dos garotos logo adquiriu vida.

O trem ia de uma cidade a outra. Com rapidez. Recebia pessoas aqui, deixava outras ali. Transpunha distâncias em segundos, na imaginação fértil dos petizes, dando quase a volta ao mundo.

A geografia não importava muito. Em um momento, estavam numa localidade. Em outro, tinham transposto o mar e se encontravam em outra.

Assim seguia a brincadeira, até o momento em que o amiguinho resolveu que o trem deveria ficar mais tempo em suas mãos.

Afinal, o dono do trem o detinha em demasia. Ele fazia as viagens mais longas, mais emocionantes.

À conta disso, começou uma discussão. O trem é meu, então fico com ele tanto tempo quanto quero!

Mas eu sou seu amigo e seu convidado! Você tem que me deixar dirigir o trem.

E uma pequena disputa se travou. Os dois meninos agarraram o trem, cada um puxando de um lado.

Puxa daqui, puxa dali. O dono do brinquedo puxou com mais vigor. Caiu e o brinquedo lhe bateu na fronte, ferindo-o de leve.

Mas a dor da batida e um pequeno filete de sangue, que logo apareceu, fez com que o choro começasse.

Acudiram mãe e pai. Ao ver o rosto do filho com um hematoma e o sangue, o pai se tomou de ira, gritou com o visitante, fez-lhe ameaças.

O garoto ficou parado, sem entender muito bem toda a questão, pela rapidez com que tudo acontecera.

O amigo chorava, machucado. O pai o colocou ao colo e ia se preparando para sair, rumo ao hospital.

Afinal, pensava, era preciso verificar se algo mais grave não acontecera.

Quando ia transpondo a porta, o ferido levantou o rosto que estava apoiado ao ombro do pai, enxugou as lágrimas e gritou para o amiguinho ainda atônito, sentado no chão:

Ei, não vá embora! Eu volto logo e vamos continuar a brincar.

Então, o pai se deu conta do estardalhaço que fizera por pouca coisa. Limpou o rosto do filho ele mesmo e o entregou de volta à brincadeira.

O fato é mais corriqueiro do que se imagina. Em verdade, pequenas rusgas surgem entre as crianças.

Rusgas que parecem prestes a explodir em agressão.

Entre os adultos, nos envolvemos em situações semelhantes, muitas vezes.

Mas, deveríamos aprender com as crianças, esquecendo logo a dificuldade e retornando ao convívio da amizade ou do trabalho.

Razão tinha mesmo Jesus ao nos dizer que deveríamos nos assemelhar às crianças para conquistarmos o Reino dos Céus.

O Reino dos Céus que se traduz em paz e começa na intimidade de cada um.

Redação do Momento Espírita, a partir de pequena história narrada por Divaldo Pereira Franco, no Encontro fraterno com Divaldo Pereira Franco, realizado em Guarajuba/BA, de 4 a 7 de setembro de 2010.

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