Um dos aprendizados mais importantes no caminho do autoconhecimento é realizar a mudança em nosso padrão usual de reação aos acontecimentos da vida.
Quando as coisas não correm de acordo com nossos desejos, a reação mais comum que nos acontece é a de revolta. Sentimo-nos injustiçados pela existência, que, de acordo com nossa visão, nos pune por algum motivo que sequer conhecemos.
Quanto mais mergulhamos em nosso interior, mais fortemente nos apercebemos de que tudo, absolutamente tudo no Universo, move-se em total sintonia com a energia criadora.
Por que, então, somente nós, parecemos estar sempre fora de compasso, como se algo nos faltasse o tempo todo para que este sentimento de união e completude com o Todo jamais se torne real?
Na verdade, enquanto este sentimento persistir, podemos reconhecê-lo como um sinal de que ainda não chegamos à fonte original de nosso ser. A presença divina em nós emana apenas amor e completude.
Quando ela se tornar, de novo, nossa única realidade interna, seremos capazes de enxergar os motivos que temos para manifestar gratidão. Enquanto o sentimento de vítimas injustiçadas nos dominar, não conseguiremos reconhecer o quanto recebemos da vida.
Mesmo nos momentos mais difíceis, quando tudo parecer sem sentido, voltemo-nos para nossa essência e busquemos ali as respostas para todas as dúvidas e questionamentos que nos afligem.
Somente quando for possível para nós compreender e aceitar os motivos pelos quais a vida nos move para esta ou aquela direção, é que poderemos finalmente experimentar a paz.
A pessoa inteligente vive alegremente, contente,
seja qual for a situação em que esteja.
Seja o que for que tenha, ela vive alegremente, grata, agradecida.
Sua alegria não é dependente de nada, de nenhuma outra causa.
Sua alegria é sua compreensão interna –
a compreensão de que a pessoa jamais atinge a alegria a partir do externo,
que a partir do desejo a pessoa sempre chega às lágrimas.
Ao ver essa natureza do desejo, seu desejo desaparece.
E viver sem desejo é viver em contentamento, é viver sem nenhum anseio por mais.
Então, seja o que for que exista, é mais do que suficiente.
Ou você vive em desejo ou você vive em gratidão: lembre-se disso.
O homem que vive em desejo não pode ser grato, ele pode somente reclamar e reclamar.
Ele sempre terá algum rancor contra a existência.
Mas o homem que não tem nenhum desejo, tem somente gratidão.
Até mesmo aquilo que lhe é dado, é mais do que sempre mereceu.
Osho, The Dhammapada, V6, # 3.
Elisabeth Cavalcante
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