Venho há tempos contemplando essa questão do dar e do receber...
Sinto que ela está profundamente arraigada na mente humana, e precisa muito de contemplação e de transformação. É muito comum querermos receber mais do que estamos recebendo.
Vejo muitas pessoas reclamando "eu dou, dou e dou, e não recebo nada em troca".....Por outro lado, conheço algumas pessoas que estão sempre dando e nunca lhes falta nada, estão sempre em estado de abundância e gratidão.
Qual será o ponto de equilíbrio nisso tudo?
O que acontece é que nos baseamos no ego para fazer essa medida de quanto damos e quanto recebemos. Quando conseguimos sair disso e entramos na frequência do amor incondicional, sentimos que algo subtil e muito precioso acontece. A energia simplesmente flui, e não importa mais se damos ou se recebemos, essa noção se dissolve no amor. No fundo dar e receber são a mesma coisa, pois acontecem ao mesmo tempo.
Enquanto estou dando com uma mão, estou recebendo com a outra. Quando nos conectamos com a energia Divina, com o coração, não diferenciamos mais as duas atitudes, porque elas são partes de um só movimento, que é o movimento da entrega ao fluxo, e de saber a medida das coisas, de saber ouvir as próprias necessidades e as necessidades dos outros, sem contabilizar, sem cobrar. E entender profundamente cada momento e cada pessoa, assim como são.
Para chegarmos nisso é necessário um esforço no sentido de reconhecermos nossas tendências de comportamento socialmente criadas, as culpas que carregamos por influência da nossa educação e de todo o egoísmo e competição que a sociedade ensina. Precisamos nos corrigir, nos curar. A Cabala nos diz que o maior erro do ser humano é o desejo de receber só para si mesmo. E que temos que ser ao mesmo tempo receptores e emissores, sair do ego que quer apenas receber.
Edward Bach, médico inglês que desenvolveu o primeiro sistema de florais, ensinou que: "precisamos estar atentos principalmente ao darmos assistência aos outros, não importa quem eles sejam, para que estejamos seguros de que a vontade de ajudar advém dos desígnios do Eu Interior, e não de um falso sentido de dever a partir da persuasão de uma outra personalidade dominadora." No livro The Alchemy of the Desert, Cynthia A. Kemp Scherer, produtora dos florais do deserto, diz que se não dermos incondicionalmente, não conseguiremos receber; e que se não recebermos incondicionalmente, não podemos aceitar a abundância que o Universo tem para nós. E também que a nossa capacidade de receber está intrinsecamente relacionada com a nossa auto-estima. Podemos receber na mesma medida em que nos amamos.
Nelson Mandela escreveu algo fantástico sobre o medo que temos de nos mostrar, de nos doar para o mundo. Temos medo de nossa luz, achamos que não temos nada para contribuir. Mas temos, e muito.
Estas são considerações importantes sobre o tema, e é na vivência de cada um, na abertura do coração para o fluxo de abundância, que poderemos sentir esta gigantesca massa de energia positiva gerada a partir dessa nova consciência. O passo pode ser dado por qualquer pessoa, a qualquer hora e em qualquer situação. É só uma questão de olhar a situação de uma maneira diferente, e com generosidade, perceber que somos todos partes de um mesmo todo, e que ajudando os outros estaremos ajudando a nós mesmos, e vice-versa.
Texto da autoria de Cristiane Boog:
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