Um anjo estava recebendo as almas que acabavam de morrer.
Uma fila foi formada e aos poucos foram separando aqueles que iriam para os
planos elevados e aqueles que iriam as zonas inferiores.
Um homem, que estava na fila reservada aqueles que deveriam
descer as zonas inferiores ficou revoltado e gritou: INJUSTIÇA!
Todos ouviram o grito e prestaram atenção ao homem. O anjo
também olhou para ele. O homem prosseguiu:
- Isso nada mais é do que uma grande injustiça! Por que
apenas os “escolhidos” podem ir a zonas celestes, e nós, os marginalizados,
vamos para zonas inferiores? Somente por causa dos nossos erros na Terra Deus
deixou de nos amar? Desafio os anjos de Deus a darem um tratamento igual a
todos os seus filhos, aqueles que fizeram o bem e também aqueles que fizeram o
mal! Onde está o perdão divino?
O anjo foi na direção do homem e disse:
- Meu filho, já que você está questionando isso, permitirei
então que você vá aos planos celestes, você quer?
- Sim, respondeu o homem.
O anjo então deu a mão ao homem e o conduziu a um plano
elevado do cosmos infinito, para onde vão as almas bondosas, caridosas,
compassivas e humildes.
Assim que chegou lá, o anjo desapareceu. O homem pensou:
“Puxa, consegui vir a um local melhor, sem que eu precise ficar sofrendo, que
bom!”
Começou a caminhar pelo local. Sentiu uma energia muito
calma, tranquila, pacífica. Ele estava acostumado com agitações, barulho,
confusões, etc, e por isso começou a sentir um pouco de saudade dos bares, das
boates e casas noturnas onde frequentava.
Continuou caminhando, e viu um homem tocando uma melodia
belíssima, bem calma. Começou a ouvir um pouco da música, mas rapidamente achou
aquela melodia muito chata e monótona. Saiu de lá e continuou caminhando.
Logo depois, viu um senhor ensinando filosofia a um grupo de
almas. Parou para ouvir os ensinamentos: o mestre falava de amor, caridade,
meditação, paz, e outros princípios sagrados da vida. O homem ficou muito
entediado com aquela conversa, não concordava com quase nada do que era dito,
sentiu uma certa ansiedade e saiu de lá rapidamente.
Continuou caminhando, mas dessa vez estava sentindo-se mal
com toda aquela atmosfera benéfica. Viu a sua volta que se irradiavam pelo
espaço correntes de luz branca, e todas as almas que passavam por lá eram
transpassadas por aquela vibração divina. Assim que teve contato com essas
correntes de pura bondade e harmonia, sentiu-se ainda pior do que antes. Não
estava acostumado com energias boas, elevadas, pacíficas. Começou a sentir-se
muito angustiado com tudo aquilo. Chegou num ponto em que não estava mais
aguentando aquelas vibrações luminosas, aquela paz e bondade. Chegou ao seu
limite e resolveu então clamar pelo anjo dizendo: “Ser agélico, por favor,
estou me sentindo péssimo aqui. Suplico-te, leve-me para outro lugar!”
O anjo apareceu e o conduziu a uma zona inferior. Mostrou ao
homem que lá havia sexualidade desregrada, prazeres, barulho, energias densas,
pessoas tomando as coisas das outras, confusão, agitação, etc.
O homem olhou para o anjo e disse:
- Obrigado!
O anjo disse:
- O local onde vivemos e nos sentimos atraídos, tanto na
vida física quanto na vida após a morte, tem total relação com nossos desejos,
afinidades e nosso modo de ser. As almas vão para onde seus desejos, crenças e
afinidades as guiem. Cada qual está no lugar que tem que estar, de acordo com a
lei das afinidades e vibrações. Não há qualquer discriminação nem injustiça na
perfeição do plano divino.
Autor: Hugo Lapa